Além de não quitar o que deve aos jornalistas que completam 133 dias de greve neste 27 de junho, a Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), responsável entre outras mídias pelos jornais Correio Popular e Notícia Já, de Campinas, agora também suspendeu o plano de saúde de seus trabalhadores e trabalhadoras.
Em comunicado enviado nesta terça-feira (26) pelo área administrativo-financeira da RAC, a empresa alega “insuficiência de recursos financeiros” para o pagamento da fatura da Unimed, levando ao bloqueio do acesso ao convênio a partir desta quarta-feira (27). Na mesma mensagem, a rede ainda afirma que está “envidando todos os esforços para obtenção de recursos para que possamos honrar este compromisso e restabelecermos a normalidade do plano de saúde…”
Depois de quatro meses e meio de paralisação, a maior greve da história do jornalismo em São Paulo, os jornalistas da RAC continuam mobilizados e lutando para que o grupo de comunicação quite a dívida com os profissionais. Além dos salários que estão em aberto desde fevereiro, a rede deve os dias paradas no período de greve, o 13º de 2017, seis meses de vales refeição e alimentação, o adicional de um terço aos que saíram de férias no últimos dois anos, além de depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que estão irregulares desde 2014.
No processo judicial movido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), os trabalhadores conquistaram uma vitória no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT15-Caminas) em julgamento que, por unanimidade, reconheceu a legitimidade da greve, determinou a quitação dos débitos e ainda 90 dias de estabilidade aos grevistas.
Na ocasião, nem os representantes e nem o advogado da RAC compareceram ao julgamento, realizado no último dia 9 de maio e, quando terminou o prazo para a quitação da dívida, em 24 de maio, a empresa ainda solicitou embargos de declaração, instrumento jurídico no qual a rede pediu esclarecimentos sobre a sentença, fazendo com que, na prática, os pagamentos sejam protelados.
Como se não bastasse o não cumprimento da sentença e ainda protelar a quitação dos débitos, a RAC está descontando os dias parados e não paga os vales refeição e alimentação dos grevistas. Entre outras irregularidades, o grupo de comunicação está contratando jornalistas e colocando estagiários para cobrir o trabalho dos grevistas, o que caracteriza prática antissindical, conforme denúncia recebida pelo SJSP. Enquanto a empresa alega falta de recursos para continuar atrasando os pagamentos, outra denúncia é que o proprietário da rede, o diretor-presidente da RAC, Silvino de Godoy, segue com viagens habituais a passeio pela Europa.
Vale recordar que, antes da paralisação, os jornalistas enfrentaram dois anos de constantes atrasos de pagamentos e que a greve iniciada no último dia 14 de fevereiro foi a única alternativa, após inúmeras tentativas de diálogo e de acordo com a RAC que terminaram sem sucesso devido à intransigência da empresa.
Apoie o fundo de greve e o abaixo-assinado
Há mais de 130 dias sem remuneração, os jornalistas da rede seguem contando com a solidariedade da categoria contribuindo ao fundo de greve. Criado pelo SJSP e gerido pelos próprios jornalistas da RAC, o fundo visa ao pagamento emergencial dos grevistas e é possível colaborar com qualquer quantia com depósito ou transferência para a seguinte conta:
Caixa Econômica Federal
Agência 4070
Conta corrente 1143-3
(caso o depósito ou transferência seja entre contas da Caixa, o código da operação é 003)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
CNPJ 62.584.230.0001-00
Quem preferir, pode colaborar doando cesta básica na sede da Regional Campinas do SJSP, situada na Rua Dr. Quirino nº 1319, 9° andar, no centro campineiro.
Diante do cenário, os jornalistas também estão promovendo um abaixo-assinado pela internet solicitando à Associação Brasileira de Imprensa (ABI) que pressione a empresa a cumprir a sentença ou para que a RAC ao menos dialogue com seus trabalhadores e trabalhadoras. A iniciativa conta com apoio do SJSP. Para assinar, clique aqui.
Para ampliar a arrecadação ao fundo de greve, os profissionais realizaram eventos como a Galinhada Solidária, o “Som da Resistência” e promoveram o Bazar da Amizade por vários meses na Associação Campineira de Imprensa.
Outro evento está sendo organizado com arrecadação voltada ao fundo de greve e em breve as informações serão divulgadas no site e nas redes sociais do Sindicato.
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