As empresas de rádio e TV no estado de São Paulo rejeitaram a solicitação da categoria pela negociação imediata e confirmaram a rodada agendada para terça-feira que vem, dia 25. Nesta rodada, as empresas devem responder à proposta dos jornalistas pelo parcelamento do índice de reajuste salarial e das cláusulas econômicas em duas vezes e a manutenção da PLR como no ano anterior.
A última mesa de negociação aconteceu em março e, até o momento, os patrões, que ficaram de analisar a proposta, não apresentaram nenhuma resposta à categoria. As empresas alegam dificuldades em se reunir para debater uma proposta em virtude da pandemia.
A dificuldade alegada pelas empresas, no entanto, não é a mesma enfrentada pela categoria que se reuniu, no início do mês, em assembleias por local de trabalho e em assembleia geral, reivindicando a antecipação da negociação, uma vez que a data-base já passou há cinco meses e os profissionais ainda aguardam um posicionamento do patronal a respeito da proposta que apresentaram.
Se não há dificuldades em se reunir e pressionar pela volta das negociações, os jornalistas empregados em emissoras de rádio e televisão enfrentam outro problema: a inflação e o aumento do custo de vida.
Desde dezembro de 2020, o IPCA subiu, até abril de 2021, 3,75%. Somente em abril, a inflação de alimentos e bebidas foi de 0,40%, gerando o segundo maior impacto no índice, atrás apenas de produtos e serviços de saúde e cuidados pessoais que registrou alta de 1,19%. Juntamente com habitação, com alta de 0,22%, os profissionais sofrem com a alta de preços e à espera do pleiteado reajuste.
É neste cenário, somado à pandemia, que as empresas postergam a negociação e propõem mudar a dinâmica de remuneração adotada há décadas, reduzindo valores dos salários (ao se recusar a simplesmente repor a inflação) e tirando parte da renda, com a ameaça de retirada da PLR da Convenção Coletiva de Trabalho.
Aos jornalistas, resta manter a resistência, mesmo em um momento adverso, e exigir a manutenção de nosso poder de compra.