Em suas campanhas publicitárias e em declarações públicas, as empresas de jornalismo têm reforçado uma mensagem que sabemos há muito tempo: o jornalista exerce uma atividade essencial para a sociedade e a defesa desta profissão é uma maneira de garantir o fortalecimento da própria democracia contra qualquer tipo de autoritarismo. Outra lembrança recorrente aos leitores é que o jornalismo profissional precisa ser devidamente financiado para que consiga desempenhar apropriadamente seu papel.
Infelizmente, o que as empresas tanto defendem da porta para fora não é cumprido nas próprias redações. Tapinhas nas costas não bastam. Elogiar ao mercado publicitário o trabalho essencial que nós, jornalistas, exercemos na histórica cobertura da pandemia tampouco é suficiente. Diante de uma conjuntura econômica dramática, não podemos aceitar perdas em nossos rendimentos por conta da crescente pressão inflacionária.
Mas há cinco meses, a resposta que recebemos dos patrões de jornais e revistas da capital é a intransigência em recompor nossos salários pela inflação, registrada em 8,9% pelo INPC no período de junho de 2020 a maio de 2021.
Nas primeiras mesas de negociação entre o Sindicato dos Jornalistas e os representantes das empresas, a proposta patronal era simplesmente não reajustar os salários da categoria. 0%.
Após a realização de assembleias cada vez mais participativas e com jornalistas de todas as redações da capital, as empresas avançaram discretamente na proposta. Um reajuste de 4,45% para salários até R$ 10 mil e um valor fixo de R$ 445 para os demais salários. As empresas também afirmaram que retirariam de nossa Convenção Coletiva de Trabalho a cláusula de multa da PLR, atualmente no valor de R$ 791,90.
Diante da determinação e resistência das e dos jornalistas em lutar pela recomposição integral dos salários, a última proposta dos patrões indica uma recomposição de 5% para vencimentos até R$ 10 mil e um valor fixo de R$ 500 para os demais salários. O reajuste seria pago a partir de 1º de agosto, de maneira retroativa. E há o retorno da multa da PLR, mas sem reajuste pela inflação.
Em assembleia com quase 200 jornalistas realizada no último dia 29 de outubro, a categoria entendeu que ainda estamos longe de chegar a um acordo satisfatório. Reafirmamos nossa atual contraproposta:
– Reajuste de 5% a partir de 1º de junho (retroativo), e de 3,72% a partir de 1º de novembro, chegando à inflação de 8,9%
– Multa da PLR reajustada pela inflação
Como pode se notar, nossa atual reivindicação diz respeito apenas à recomposição das perdas inflacionárias. Nada mais do que isso.
Para ampliar nossa mobilização e escalar a pressão para que consigamos chegar rapidamente a um acordo, a assembleia também aprovou uma paralisação pelo período de duas horas que ocorrerá no próximo dia 10 de novembro.
Apesar de ser considerada uma mobilização simbólica, este é um momento histórico para a categoria: há muito tempo que não realizamos uma manifestação deste tipo. Mas graças à união crescente das e dos colegas de diferentes redações, as condições para mobilizações concretas se fortalecem a cada dia.
Assim, é essencial que toda a categoria participe das discussões promovidas pelo Sindicato nos locais de trabalho, esteja presente nas assembleias e se mobilize para participar da paralisação no próximo dia 10.
Em assembleia marcada para a próxima terça-feira, 9 de novembro, debateremos a proposta que os patrões enviarão na próxima segunda-feira e nos organizaremos para que a manifestação do dia 10 consiga atender os seus objetivos e contemple nossas reivindicações.
Lutar por nossos salários é também lutar pela dignidade profissional e pelo papel essencial que cumprimos para a democracia e para a nossa sociedade. Estamos juntas e juntos neste momento. E sairemos desta mais unidos e fortes!
O SJSP precisa de você!
Para que o Sindicato dos Jornalistas de SP continue a desenvolver o seu trabalho em defesa dos interesses da categoria, é fundamental a participação de tod@s na construção e no fortalecimento da entidade. Sindicalize-se! A mensalidade é de 1% do salário (com teto de R$ 60 na capital e de R$ 38 no interior) ou de R$ 60 e R$ 38 fixos (capital e interior) para quem não tem vínculo empregatício. O processo de sindicalização é online. https://sjsp.org.br/pagina/seja-um-associado