Jornalistas nas empresas de jornais e revistas da capital, indignados com a proposta patronal de reajuste de R$ 101 nos salários durante a Campanha Salarial em curso, redigiram uma carta aberta às empresas. A decisão foi da própria categoria durante a assembleia da campanha que aconteceu na última sexta-feira, dia 23.
A carta menciona não só como o trabalho da categoria foi essencial durante a pandemia como garantiu que algumas empresas pudessem comemorar resultados positivos após o momento de crise provocado pela pandemia.
Além de reivindicar pela reposição inflacionária, jornalistas de jornais e revistas da capital citam as cláusulas sociais que devem ser garantidas para a categoria e estão em pauta na Campanha 2021-2022.
Leia abaixo a íntegra da carta dos jornalistas e enviada às empresas nesta terça-feira (27).
Quem respeita o trabalho jornalístico garante reajuste digno de salário: carta aberta às empresas de jornais e revistas da cidade de São Paulo
Diante de uma inflação oficial de 8,9% no período entre junho de 2020 e maio de 2021, a proposta das empresas de promover um reajuste de 3% para quem recebe o piso e R$ 101 de valor fixo para os demais salários causou espanto e indignação entre os jornalistas de todas as empresas da capital reunidos em assembleia em 23 de julho.
Foi a nossa atuação cotidiana em diferentes frentes que garantiu à população brasileira informações de qualidade, amenizando a tragédia social, econômica e política que já causou quase 550 mil mortes. Nas mensagens das chefias e das direções das empresas, o elogio ao nosso trabalho foi marca constante nesses último meses.
Além disso, o momento agudo da crise provocada pela pandemia ficou para trás. Tanto é que algumas empresas comemoram resultados positivos, como O Estado de S. Paulo e a Editora Globo. Nos últimos meses, a audiência online explodiu, os projetos e parcerias de publicidade voltaram a engrenar.
Sabemos inclusive que parte dos resultados financeiros decorreu da redução temporária de nossos salários e do repasse de custos estruturais para a conta da categoria, já que cada jornalista passou a arcar individualmente com despesas correntes de trabalho, como energia elétrica e internet – que inclusive são fatores que têm puxado a inflação para cima.
Para nós, a conta não fecha. Os nossos atuais salários já não dão conta do custo de vida da cidade de São Paulo. Houve aumento (acima do índice do INPC) nos alimentos, nos aluguéis, nos combustíveis e nos demais serviços essenciais. Se já era difícil fechar as contas no azul no final do mês, agora essa tarefa é praticamente impossível.
É ainda incompreensível o motivo pelo qual o sindicato patronal se recusa a debater a extensão da licença maternidade e paternidade, medidas que já são adotadas nos países e companhias mais desenvolvidos e que têm efeitos positivos comprovados sobre a economia. Não avançar nesse ponto é jogar sobre as costas das jornalistas mulheres um fardo inaceitável, em uma circunstância em que elas já estão mais do que sobrecarregadas. Também não é minimamente razoável que as empresas não acolham a demanda das cláusulas que regulem o teletrabalho.
Por conta de tudo isso, nossa assembleia decidiu enviar esta carta às empresas, reiterando nossa reivindicação pela integral recomposição das perdas inflacionárias em nosso salário, e pelas demais cláusulas econômicas e sociais de nossa Convenção Coletiva. Queremos resolver essa situação o quanto antes e estamos preparados para intensificar a mobilização caso nossas reivindicações continuem a ser deixadas de lado. Assim como o nosso trabalho, defender os nossos salários e direitos também é uma tarefa essencial.