A greve iniciada pelos jornalistas do Correio Popular na segunda-feira, dia 18, contra o atraso no pagamento dos salários, chega ao final da semana sem uma solução. A situação dos 30 jornalistas é muito difícil: o último pagamento, de apenas 1/8 do valor dos salários, foi feito em 8 de janeiro, e é imprescindível que a empresa cumpra minimamente suas obrigações, pois os profissionais passam por graves dificuldades.
Na tarde da segunda-feira, houve uma reunião entre a empresa, representada pelo novo administrador, o sr. Ítalo Barioni, e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. A RAC (Rede Anhanguera de Comunicação), que edita o jornal, apresentou uma proposta para, segundo ela, resolver todos os débitos trabalhistas com os jornalistas em greve e os ex-funcionários da empresa. Por ela, um prédio do grupo econômico no centro de Campinas seria oferecido pela empresa para ser colocado em leilão judicial, e os recursos levantados seriam destinados à quitação das dívidas trabalhistas.
A empresa, ao mesmo tempo, manifestou a intenção de demitir o conjunto dos jornalistas, contratando outros para formar uma nova redação.
Os jornalistas em greve reuniram-se em assembleia na noite de segunda. Avaliaram que a contraproposta mostrava-se inviável, de saída, pois não previa nenhum pagamento dos atrasados aos profissionais antes do leilão judicial acontecer, o que pode demorar bastante. Ocorre que boa parte dos profissionais possui necessidades urgentes de caráter alimentar e, portanto, precisam receber de forma imediata ao menos uma parte do que a empresa lhes deve. Dessa forma, os trabalhadores decidiram apresentar como reivindicação central, para então iniciar a negociação a respeito do restante, o pagamento de dois meses de salários atrasados, com início de férias coletivas em sequência.
Nesse período de férias, seria negociado um acordo com os seguintes passos: considerando-se que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e o Sindicato dos Trabalhadores em Administração de Empresas Jornalísticas no Estado de São Paulo são autores de uma ação de arresto de bens contra a empresa para pagamento de salários atrasados, a empresa se daria imediatamente por citada, apresentaria no processo uma confissão detalhada das dívidas trabalhistas em seu conjunto (incluindo os ex-funcionários, as verbas rescisórias com a multa do 477 e os valores não recolhidos de FTGS, entre outros) e ofereceria aos autores um ou mais imóveis para realização de leilão judicial que permita levantar os valores que quitem o conjunto da dívida. O Sindicato dos Trabalhadores Gráficos de Campinas e Região também se somaria à ação e ao acordo. Ao final, havendo a elaboração conjunta da minuta, e havendo concordância das categorias com os seus termos, o acordo seria assinado.
A contraproposta foi encaminhada pelo sindicato, que aguarda o retorno da empresa. Os jornalistas mantêm sua greve com firmeza, e esperam uma resposta positiva da RAC o quanto antes, para abrir uma saída ao impasse.