Quando o pessoal do impresso A Tribuna já mergulhava na correria dos plantões de fim de ano, os jornalistas foram chamados, um a um, à sala do diretor de Conteúdo do Jornalismo. A conversa era a respeito do “possível” fim da escala de trabalho 2 x 1, para perguntar o que cada um achava disso e se “gostaria” de continuar no jornal no caso dessa mudança. Segundo o diretor, as conversas tinham o tom “informal” e não havia nenhuma determinação por parte do RH.
Como se não bastasse, os profissionais receberam a notícia sobre o fim da publicação AT Revista a partir de janeiro e o surgimento de um novo suplemento, em substituição à revista. Tal suplemento é recheado de textos escritos por colaboradores externos.
Logo que a diretoria do Sindicato tomou conhecimento, indagou ao RH do Grupo Tribuna se haveria demissões de jornalistas com o fim da AT Revista, pediu esclarecimentos sobre mudanças na escala de trabalho diante das colocações do diretor de Jornalismo e reivindicou que a empresa discuta com o Sindicato, legítimo representante da categoria, qualquer mudança nas escalas de final de semana que atinja profissionais do Grupo Tribuna, de maneira a garantir os direitos dos jornalistas.
O RH respondeu que “a jornada de trabalho noticiada, esta tem caráter preventivo, no intuito de adequação das escalas de trabalho, ao entendimento atual da Jurisprudência…” e que “os trabalhos realizados aos domingos serão compensados com folga na semana seguinte, de acordo com a legislação” e que “o sistema de escalas é realizado pelo gestor de acordo com a necessidade e fluxo de trabalho das equipes”.
É inadmissível qualquer mudança que resulte em diminuição de folgas ou em aumento de jornada, reduzindo as condições de trabalho. O final de ano é uma época desfavorável para mobilizar a categoria e, calculadamente, foi nesse período que o Grupo Tribuna lança essa investida contra os jornalistas.
O Sindicato estuda medidas para barrar esse retrocesso e tem recomendado que a categoria esteja unida, debata, se prepare para participar das reuniões que iremos chamar, pois só assim podemos resistir contra mais esse duro ataque.
No rol de experiências do Sindicato há exemplos de vitórias neste terreno, afinal, não é a primeira vez que os patrões tentam deteriorar as condições de trabalho de jornalistas. Em novembro de 2017, a Record comunicou os jornalistas a alteração da escala nos finais de semana, prejudicando os trabalhadores do Portal R7. A alteração sem contrapartida salarial ou negociação com a categoria estabelecia a jornada 2 X 1, com dois fins de semana de trabalho e apenas um de descanso, em vez da então escala praticada 3 X 1, um final de semana trabalhado e três de folga.
Saiba mais: http://unidade.org.br/vitoria-expressiva-em-acao-contra-demissoes-no-r7/
Essa e outras experiências reforçam o papel fundamental da resistência organizada para derrotar esses retrocessos.