O Grupo A Tribuna, em Santos, suspendeu os vales alimentação e refeição de dezenas de jornalistas. A empresa descumpre a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e ainda usa de requintes de crueldade ao comunicar a retirada no período do pagamento do benefício, que é no final do mês.
A suspensão afetou todo o pessoal que está em home office em decorrência da quarentena recomendada para prevenção contra a pandemia do coronavírus. Abrange, em sua maioria, os jornalistas do impresso, mas também os do online, G1 e TV.
Cada trabalhador escolhe entre vale alimentação e o vale-refeição, que é concedido no final de cada mês. As duas modalidades de benefício foram retiradas.
Despesas dos jornalistas
A justificativa que circula é que a empresa quer reduzir despesas. Mas aumentar as despesas dos jornalistas pode?
Os jornalistas estão mantendo a qualidade da produção em suas casas, às custas de seus próprios equipamentos, internet, celular, telefone e energia elétrica.
Em 20 de março, o RH enviou aos jornalistas uma série de recomendações para o período em que estivessem em home office, mas nada falou sobre a suspensão dos vales.
Da mesma forma, a empresa também não comunicou o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo sobre a medida, nem mesmo no dia 21, quando a Direção Regional da entidade fez contato telefônico com a gestora do impresso pedindo informações sobre as condições de segurança dos profissionais em relação ao coronavírus.
A “lição de casa” passada pela empresa orienta os profissionais a manterem-se online, reconhecendo que a jornada de trabalho permanece a mesma, e que façam seu horário de almoço completo, como era de costume.
Curiosamente, a empresa sugere rotina normal aos que trabalham em casa, mas não cumpre suas obrigações para que os profissionais exerçam suas funções normalmente.
Quem deixa de receber vale-alimentação terá que diminuir suas compras do mês. Quem perde o vale-refeição terá que destinar mais dinheiro e tempo para se alimentar!
Arcaico
Assim que foi comunicado pela categoria sobre a suspensão, o Sindicato dos Jornalistas tomou providências e colocou o setor jurídico em ação. O Sindicato enviou e-mail à Supervisão de Recursos Humanos do Grupo A Tribuna questionando a base jurídica em que a empresa se sustenta para a medida.
Mas o que há de requinte de crueldade da empresa com seus jornalistas, também há de postura arcaica do Grupo A Tribuna com a entidade que representa os jornalistas. Não houve resposta da empresa, passadas 48 horas do contato feito pelo Sindicato.
O corte dos vales, a exemplo das condições de proteção aos jornalistas diante do coronavírus, mostram a lamentável falta de transparência e intransigência do Grupo A Tribuna quando o assunto diz respeito a quem fabrica seu principal produto, que é o jornalismo.