Três assembleias com os jornalistas da TV Globo definiram as propostas da categoria ao Acordo Coletivo de Trabalho que versa sobre o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da emissora nesta terça-feira (15). Dos 143 jornalistas participantes, 86% dos votantes discordam em aceitar a proposta tal como foi enviada pela empresa; 7% concordam em aceitar e 7% abstiveram-se.
Comunicado da proposta de PLR pela TV Globo em setembro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) posicionou-se favorável a uma negociação formal somente após reunião com a categoria.
Em debate nas assembleias, cinco pontos de discussão foram levantados. Entre ele, está a dúvida em relação ao cálculo do valor final a ser pago de PLR aos jornalistas. Para tanto, o sindicato sugeriu à empresa a reformulação dos gráficos e da redação da proposta como forma de garantir o pagamento.
Outro ponto considerado trata da renovação do acordo. Durante as negociações, a TV Globo ponderou que alguns pontos em discussão poderiam ser considerados na próxima negociação, sem prevê-la no atual acordo. Na proposta da empresa, a emissora não estipula nova negociação do acordo, ao contrário, a atual redação garante a renovação automática nos termos negociados desde que o instrumento não seja denunciado por uma das partes. Portanto, a categoria propõe que próxima negociação esteja prevista no acordo.
Na assembleia, os jornalistas discordam do ponto que trata do trabalhador “hipersuficiente” e propõe a retirada do ponto, pois a lei já prevê tais condições, sendo desnecessário constá-lo no Acordo. Além disso, os jornalistas se opõem a este dispositivo, tanto que reivindicam que as empresas se comprometam a não utilizar este ponto da lei. Para a categoria, o Sindicato deve representar todos os jornalistas, independentemente do valor de sua remuneração. Dessa forma, as convenções e acordos coletivos beneficiariam a todos indiscriminadamente. O SJSP pontua ainda que a redação dada extrapola o objeto do Acordo, que é o Programa de PLR, estendendo condições específicas e diferenciadas de trabalho aos trabalhadores hipersuficiente, abrangendo todo o conjunto das relações de trabalho. Por último, a proposta em debate ainda se contradiz a outro ponto do mesmo acordo que afirma que serão beneficiados pelo acordo trabalhadores que recebem até R$ 33.333,34. Vale lembrar que a legislação considera profissionais que recebem mais de R$ 11.678,00 como um trabalhador hipersuficiente.
Já a quarta proposta dos jornalistas considera a importância de garantir o pagamento de algum valor, a título de PLR. Sendo assim, a categoria propõe que caso a meta que aciona o gatilho de pagamento não seja atingida, os trabalhadores recebam o valor de PLR contido na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do segmento de Rádio e TV. Na atual CCT, isso equivale ao pagamento de 45% do salário, limitado a R$ 8.296,61. Ou seja, uma garantia mínima de que as condições praticadas na Globo não ficariam abaixo das demais emissoras.
A última proposta dos jornalistas leva em consideração o histórico da categoria em São Paulo e propõe o mínimo de 1,2 salário a título de PLR em 2019. Desde 2013, os jornalistas da Globo recebem esse valor e a perspectiva é de manter o que tem recebido há vários anos. A categoria pondera que mesmo que haja a possibilidade de ganhar até 1,5 salário, este ano, há ainda o risco de não receber nada se a meta não for atingida, especialmente porque a meta é de conhecimento apenas dos gestores da emissora. Em relação a 2020, já que a proposta terá validade por dois anos, a categoria propõe o equivalente a 1,1 salário em vez dos 0,75 salário proposto pela empresa.
O Sindicato remeteu a proposta dos jornalistas para a TV Globo nesta quarta-feira (16) e aguarda posicionamento da empresa para seguir com as negociações.