As empresas de jornais e revistas da capital acabaram de enviar uma nova proposta para o Sindicato dos Jornalistas, por meio eletrônico, mas insistem na reposição da inflação (4,78%) apenas para o piso da categoria. Pela proposta, os jornalistas que recebem acima de R$ 3.162,00 por cinco horas receberiam apenas R$ 151,14 a mais nos salários.
Quase três meses após a data-base (1º de junho), a posição patronal não apresenta avanços nas cláusulas econômicas, o que leva a um impasse na negociação, ainda mais considerando-se que o Sindicato acaba de fechar o acordo com as empresas do litoral e interior do Estado – cujas condições econômicas são bem mais modestas do que as da capital – prevendo a correção do conjunto dos salários e cláusulas econômicas em 4,78%, segundo a inflação medida pelo INPC.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) considera que a proposta tampouco leva em conta que a realidade das redações, que têm sido enxugadas, o que aumenta a carga de trabalho do conjunto dos profissionais. “Para a categoria, é inaceitável ver o seu poder aquisitivo minguar, enquanto a vida vai ficando mais cara, e o carga de trabalho se ampliar”, declara o presidente do SJSP, Paulo Zocchi.
Em julho, a categoria aprovou em assembleia a contraproposta de reposição da inflação com 1% de ganho real, ante a proposta já apresentada pelas empresas de reposição inflacionária apenas para o piso, agora mantida.
Nas cláusulas sociais, porém, a nova proposta patronal avança com relação à última rodada de negociação, aproximando-se de um acordo. Neste ano, discutiram-se cláusulas para estabelecer formas de procedimento para denúncias de assédio moral e sexual nos locais de trabalho, visando barrar a prática, preservar as vítimas de abusos e estabelecer mecanismos de apuração por parte das empresas, sob acompanhamento do Sindicato.
Além disso, o SJSP também apresentou uma cláusula para a proteção econômica de jornalistas condenados solidariamente com as empresas por conta de matérias jornalísticas. Para tanto, a cláusula em negociação recomenda que as empresas orientem a defesa técnica do jornalista a suscitar desde o início do processo a tese de que eventual condenação pecuniária seja adequada às condições financeiras do jornalista e não da empresa, caso o pagamento recaia sobre o profissional, para evitar casos em que uma eventual condenação destrua o patrimônio financeiro pessoal do jornalista.
O Sindicato dos Jornalistas reagiu à proposta comunicando o Sindicato patronal de que não há possibilidade de fechar qualquer acordo sem a reposição integral da inflação nos salários e solicitou a extensão da validade da Convenção Coletiva por mais um mês, para abrir o tempo necessário para o prosseguimento das negociações.
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