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Em seu aniversário de 83 anos, Sindicato lança Centro de Memória e Biblioteca

Em seu aniversário de 83 anos, Sindicato lança Centro de Memória e Biblioteca

Ao ver uma foto da maquete do projeto do novo estádio do Guarani, o jornalista João Caetano Monteiro Filho (sindicalizado número 444) cunhou, na edição de 13 de julho de 1948 do Correio Popular, a expressão “um brinco de ouro para a Princesa”, em referência à cidade de Campinas, conhecida como a Princesa D’Oeste. Sem saber, o jornalista batizava o charmoso estádio, inaugurado em 1953, com o nome oficial de Brinco de Ouro da Princesa. 

Pois é, jornalista conta e faz história. E os 83 anos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo são repletos dessas histórias e de jornalistas que ajudaram e ajudam a construir a democracia no Brasil, que dignificam a profissão, que se tornaram grandes escritores, como Ibiapaba de Oliveira Martins (sindicalizado número 322), vencedor do Prêmio Jabuti em 1969, Ignácio de Loyola Brandão (sindicalizado 2204) e muitos outros. É o Sindicato de Patrícia Rehder Galvão, a eterna Pagu (sindicalizada 429), integrante do modernismo brasileiro, do jornalista e poeta Guilherme de Almeida (sindicalizado 229), de Tarsila do Amaral (sindicalizada 213).

Para resgatar, manter e deixar para as próximas gerações o legado de mulheres e homens que fazem do jornalismo mais do que uma profissão, a atual diretoria do Sindicato, cuja gestão homenageia Audálio Ferreira Dantas (sindicalizado 2419), lança oficialmente neste 15 de abril de 2020 o projeto de construção do Centro de Memória e Biblioteca dos jornalistas de São Paulo.

Em um país em que a ignorância e a truculência são alçadas ao poder, em que o maior mandatário diariamente ofende jornalistas e toda a sociedade, em que desprezar a ciência e a inteligência não causa mais constrangimento, criar bibliotecas, espaços de leitura, resgatar a memória dos que lutaram e fermentar massa crítica para pensar uma sociedade mais justa e humanitária são caminhos da necessária e urgente resistência cultural. Temos certeza de que esse era o sentimento que movia Margarida Izar (sindicalizada número 12), uma das primeiras mulheres na profissão e que participou da fundação do Sindicato; bem como o dramaturgo anarquista Affonso Schmidt, sindicalizado número 47; Hermínio Sacchetta (sindicalizado 249), militante trotskysta, que passou por importantes órgãos de imprensa; Coripheu de Azevedo Marques (sindicalizado 284), dirigente do Partido Comunista Brasileiro na década de 1930, e tantos mais.

O Sindicato é a casa de Vladimir Herzog, de Claudio e Perseu Abramo, Laurindo Leal Filho (sindicalizado 3000), Rose Nogueira, Eugênio Bucci, Ricardo Kotscho, Patrícia Zaidan, Juca Kfouri, Laerte, Laura Capriglione, Henfil, é a casa de todos nós. É preciso conhecer e resgatar a nossa história.

Biblioteca especializada

Muitos jornalistas transitam entre o cotidiano de redações, a busca da informação, a pressa de fechamentos e deadlines e a perenidade da palavra impressa no livro. Registram, nas imortais páginas de papel, experiências, vivências, ficção.

O primeiro passo da construção do Centro de Memória será a biblioteca, que dará destaque para obras escritas por jornalistas. Fica aqui o convite: se você tem livros publicados, de qualquer área, ficção ou não, envie dois exemplares para o Sindicato. O presidente da entidade, Paulo Zocchi, explica que os trabalhos já iniciaram. “Contratamos um bibliotecário e um estagiário para a catalogação dos títulos que já temos e para organizar um sistema de consultas e pesquisa do acervo. Não será uma biblioteca apenas com livros de jornalistas, mas queremos que esse seja o seu ponto distintivo.”

Para levantar recursos para a biblioteca e o Centro de Memória, o Sindicato iniciará uma campanha de financiamento coletivo assim que a situação do país, em meio à pandemia de covid-19, permitir.   

Nesses 83 anos, o Sindicato, seus dirigentes e a categoria enfrentaram muitas batalhas, lutaram pela valorização do profissional, para transformar o jornalismo em uma atividade imprescindível, para restaurar a democracia. Hoje, lutamos contra os desmontes de redações, o desemprego, a retirada de direitos e as tentativas de nos calar. Esse Sindicato assistiu a guerras, golpes de estado, deposição de presidentes, assassinato de jornalistas. Temos muita história para contar. E vamos, com sua ajuda, contá-las.  

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