O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) realiza Assembleia Geral Extraordinária nesta quarta-feira (7), a partir das 16h, para discutir o problema dos atrasos de pagamento de salários e benefícios com os trabalhadores e trabalhadoras da Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), de Campinas. A assembleia ocorre na Praça Maria Monici Meloni, em frente à sede da empresa, na Vila Industrial.
O indicativo é de greve dos profissionais, pois até o momento a empresa pagou somente metade do salário de novembro, não pagou os salários de dezembro e janeiro, está devendo o 13º de 2017 e adicional de 1/3 aos que saíram de férias.
Pressionada pelos jornalistas, a RAC quitou, em dezembro último, os salários devidos de maio e outubro do ano passado, mas outros débitos continuam em aberto e a empresa segue descumprindo um acordo judicial, firmado em junho de 2017, no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.
Na luta contra os atrasos de pagamentos e por respeito aos profissionais, os jornalistas da rede já cruzaram os braços e fizeram greve em outras ocasiões. O acordo conquistado no TRT é resultado de uma paralisação em junho passado e, desde então, a redação têm se mantido mobilizada.
Prejuízo financeiro, emocional e adoecimento
Devido aos constantes atrasos, que ocorrem há dois anos, e com a piora da situação nos últimos meses, o cenário para os profissionais é desolador porque, como apurou o SJSP, o quadro de estresse e todo o impacto na vida financeira também têm provocado adoecimentos diversos, e levado jornalistas até à depressão na redação da RAC.
Pelo acordo com o Tribunal, a RAC deveria fazer pagamentos semanais de 25% do salário mensal, mas, quando os depósitos ocorrem, têm sido de metade do valor estabelecido na sentença – ou seja, em vez de pagar um quarto do salário, a RAC paga somente um oitavo e há duas semanas nem esse valor os jornalistas receberam.
Na última semana de janeiro, os profissionais não receberam sequer os vales refeição e alimentação, que também deveriam ser quitados semanalmente, e há outros seis meses de débitos acumulados desses benefícios.
Os profissionais também denunciam que os representantes da empresa só dialogam quando procurados pelos trabalhadores. Em diversas ocasiões, os jornalistas têm enfrentado assédio na redação, pois os representantes da RAC ainda culpabilizam os profissionais pela crise da empresa, sobretudo quando ocorrem greves e mobilizações.
Nesse quadro de atrasos e de promessas não cumpridas pela rede, outros problemas foram enfrentados pelos jornalistas. Os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) estão irregulares, o que já levou a RAC a ser multada pelo Ministério do Trabalho. O recolhimento do Imposto de Renda, apesar de descontado dos trabalhadores em folha, não está sendo repassado, o que fez com que vários profissionais caíssem na malha fina da Receita Federal.
Confira a íntegra do edital de convocação:
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Edital de Convocação de Assembleia Geral Extraordinária
Pelo presente edital, ficam convocados todos os empregados associados ou não, que trabalham na Rede Anhanguera de Comunicação: Correio Popular S/A, Empresa Jornalística e Editoria Gazeta de Piracicaba Ltda, Agência Anhanguera de Notícias Ltda., Grande Campinas Editora e Gráfica Ltda., Cosmo Network AS., Empresa Jornalística e Editora Regional, Empresa Jornalística e Editora Notícia Já, e outras e ela coligadas que integram a categoria profissional dos trabalhadores representados pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, para participarem da Assembleia Geral Extraordinária, a ser realizada no dia 7 de fevereiro de 2018, com início às 16h, em primeira convocação, com o número legal, e às 16h30, em segunda convocação, com qualquer número de trabalhadores presentes, na Praça Maria Monici Meloni, em frente à RAC, à Rua Sete de Setembro, 189, Vila Industrial – Campinas – SP, para todos os empregados jornalistas deliberarem sobre a seguinte ordem do dia:
a) discussão sobre a efetivação de pagamentos salariais do mês e atrasados;
b) fixação de data para início da paralisação das atividades conforme determina a legislação pertinente;
c) concessão de poderes para o Sindicato instaurar dissídio coletivo de greve perante o TRT da 15ª Região, e firmar acordo, se for aprovada qualquer proposta pelos trabalhadores. O presente edital será levado ao conhecimento de todos os empregados.
Campinas, 30 de janeiro de 2018.