O Cineclube Vladimir Herzog exibe, na última terça-feira de novembro (27), às 19h, “Calabouço 1968 – Um tiro no coração do Brasil” (2015), o documentário dirigido pelo cineasta argentino Carlos Pronzato, sobre a morte do estudante Edson Luís, no restaurante estudantil Calabouço, em março de 1968. Pronzato é cineasta, documentarista, diretor teatral e escritor, nasceu na Argentina e mora há décadas no Brasil, produzindo documentários sobre as lutas sociais na América Latina, sempre ressaltando temas e personagens relevantes para a história dos povos.
Calabouço
O Restaurante Central dos Estudantes, conhecido como Calabouço, foi, durante as décadas de 1950 e 60, um restaurante estudantil que oferecia comida a baixo custo para estudantes de baixa renda no Rio de Janeiro. Pela grande concentração de estudantes, era também palco de várias manifestações por melhorias na educação e após 1964, contra o regime militar.
Foi inaugurado em 1961 na antiga sede da UNE, na Praia do Flamengo, mas foi transferido no ano seguinte para a avenida Infante Dom Henrique, próximo ao Aeroporto Santos Dumont. Circulava uma história de que o novo local havia abrigado uma prisão de escravos, daí o apelido de Calabouço. Apesar de pertencer ao Ministério da Educação, o restaurante era administrado pela União Metropolitana dos Estudantes (UME). No complexo também funcionava um teatro e uma policlínica.
Em 28 de março de 1968 a ditadura civil-militar por meio da Polícia Militar do Rio de Janeiro, invadiu o Restaurante Central dos Estudantes e assassinou brutalmente o jovem estudante Edson Luís de Lima Souto com uma bala no coração, o autor do disparo foi o comandante da tropa, aspirante Aloísio Raposo.
O assassinato serviu como estopim que desencadeou uma onda de protestos e indignação em todo o país, culminando com a histórica “Passeata dos 100 mil”. O documentário relata os fatos históricos com depoimentos comoventes dos protagonistas da época e resgata um dos episódios mais dramáticos e simbólicos, como parte das memoráveis lutas travadas pelo movimento estudantil contra a ditadura.
Após a exibição do documentário haverá debate com Paulo Gomes Neto, que participou do Calabouço, militante da ALN (Ação Libertadora Nacional), advogado, preso e anistiado político, hoje é diretor da TVC-Rio; e Geraldo Sardinha, também participou do Calabouço, membro da FUEC (Federação Universitária de Esportes Capixaba), do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e MLN (Movimiento de Liberación Nacional) – Tupamaro, no Uruguai, onde ficou preso por 2 anos. Sardinha é autor do livro “Calabouço” (Editora Plena, 2017) e um dos produtores desse documentário.
Sobre o Cineclube Vladimir Herzog
O Cineclube Vladimir Herzog é uma iniciativa do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo (SJSP) e do Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (SASP) e visa resgatar um espaço que teve papel importantíssimo na resistência à ditadura e na luta pela redemocratização do país. Filmes como “O Homem que Virou Suco”, de João Batista de Andrade, chegaram a um imenso público a partir das sessões realizadas pelo Cineclube. As sessões são sempre nas últimas terças-feiras de cada mês, seguidas por debates com realizadores dos filmes e/ou convidados. Para mais informações, visite nosso blog e nossa página nas redes sociais.
Serviço
Exibição do documentário “Calabouço 1968 – Um tiro no coração do Brasil” (2015, Carlos Pronzato) + Debate com Paulo Gomes Neto e Geraldo Sardinha.
27 de novembro (terça-feira), às 19h.
Rua Rêgo Freitas, 530 – República, São Paulo – SP – Sobreloja.
Exibição gratuita.
Mais informações: (11) 3229-7989