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Violência policial contra jornalistas na Copa do Mundo prejudica imagem do país

Violência policial contra jornalistas na Copa do Mundo prejudica imagem do país


 

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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) mais uma vez vem a público para protestar contra o despreparo da Polícia Militar que, em nome de impedir a manifestação de grupos minoritários que, supostamente, estariam atuando à margem da lei, agride, ela mesma, os mais elementares direitos constitucionais e se mostra incapaz de garantir a segurança dos profissionais de imprensa.

Novamente foram registrados casos de agressão a jornalistas e cerceamento do direito ao trabalho durante cobertura dos protestos de rua realizados por ocasião da abertura da Copa do Mundo, no último dia 12 de junho na cidade de São Paulo. De novo se lançaram indiscriminadamente bombas de efeito moral que ocasionaram ferimentos em profissionais de imprensa.

A posição e as ações do Sindicato em relação às violências praticadas contra os jornalistas são públicas e foram levadas ao conhecimento de autoridades e de entidades civis, inclusive no âmbito internacional. Na esfera sindical, a preocupação com a segurança resultou em uma negociação com empresas jornalísticas que garantiu equipamentos de segurança. Em nível nacional, o SJSP se faz representar pela Fenaj nas negociações com o Executivo federal e o Legislativo, iniciativas que não renderam, ainda, os frutos necessários para assegurar segurança no exercício da profissão.

O Sindicato efetuou diálogo com as autoridades de segurança estadual para garantir o direito de jornalistas sem credencial da Fifa de acessarem o entorno do estádio. Nessas negociações foi manifestada pelos dirigentes do SJSP a preocupação sobre a possibilidade de novas agressões ocorrerem contra profissionais da imprensa. Infelizmente, as preocupações se tornaram realidade.

Além do fato da Polícia impedir o acesso de dois jornalistas devidamente credenciados pelo Centro Aberto de Mídia ao entorno da Arena Corinthians, desobedecendo orientações da Secretaria de Segurança, ocorreram violências contra três profissionais estrangeiros (um quarto caso ainda não foi confirmado) em decorrência da atuação policial e um caso, por parte de manifestantes, contra uma equipe de TV brasileira. A este contexto vem se somar outras preocupações; a exploração política e a divulgação internacional negativa, ampliada pela vasta cobertura da Copa do Mundo, que adquire ares de escândalo mundial.

O Brasil é hoje uma democracia política plena, que vive a experiência de crescimento econômico em cenário internacional adverso, com programas de distribuição de renda mais equilibrados e políticas públicas compensatórias que visam eliminar injustiças sociais seculares.

Mas o país ainda apresenta grandes lacunas no campo dos direitos da população.

Entre os problemas mais graves está a falta de uma política pública de segurança que combata a violência sem agredir outros direitos da cidadania. Nosso aparato policial é arcaico, herança não resolvida dos anos ditatoriais e que precisa ser urgentemente reformado.

Em relação à liberdade de imprensa, amplamente assegurada pela Constituição, o problema se concentra na impunidade que protege os agressores, produto da inoperância do sistema policial e pela deficiência do Judiciário que não tem leis infraconstitucionais adequadas, resultado da morosidade do legislativo brasileiro.

Outro sério problema a incidir sobre a liberdade de imprensa é a concentração da mídia brasileira. As empresas de comunicação que dominam o mercado possuem um grande poder político e econômico, o que cria uma animosidade com setores populares que acabam por agredir e ameaçar  jornalistas, confundindo assim os papéis entre trabalhadores e representantes das empresas.

Neste quadro, a violência contra jornalistas se torna uma preocupação constante. A liberdade de imprensa no Brasil não está institucionalmente ameaçada e o ambiente social em geral não é hostil ao jornalista, mas os profissionais são pontualmente agredidos e as ocorrências vem aumentando.

Todas as esferas de governo têm responsabilidade concreta neste campo. A resposta precisa ser dada no âmbito político e a solução nos marcos democráticos atuais; melhorando os mecanismos legais, aperfeiçoando as instituições, chamando as empresas à responsabilidade e reforçando o poder de representação e interlocução das entidades representativas da categoria.

Por isso, o Sindicato volta à público para exigir respeito profissional e a defesa da democracia brasileira.

 

Jornalistas agredidos em 12 de junho

Bárbara  Arvanitidis, produtora da CNN em São Paulo.

Shasta Darlington, correspondente da CNN em São Paulo.

Rodrigo Add, repórter fotográfico a serviço da Associated Press

Entre brasileiros tivemos problemas com a equipe do SBT. O repórter cinematográfico Douglas Barbieri, foi atingido por um estilhaço no rosto e sofreu um corte sem gravidade. No entanto, o carro da reportagem foi depredado, uma camara e a mochila do reporter furtadas. Segundo um dos jornalistas, os manifestantes tentaram incendiar o veículo mas não conseguiram.

Apesar da orientação da Secretaria de Segurança sobre o acesso controlado ao entorno do Itaquerão, dois jornalistas, Maurício Camargo e Andreson Gomes, foram impedidos de fazer reportagens após o bloqueio, mesmo devidamente credenciados pelo Centro Aberto de Mídia.

Obs: Há referências a um repórter de TV francesa que teria sido atingido na perna por uma bala de borracha, mas não conseguimos confirmar a informação (em Ribeirão Preto, onde a seleção francesa está concentrada, um jornalista francês estacionou o carro alugado e, quando voltou, haviam quebrado o vidro e levado alguns pertences).


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