CARTA ABERTA À MILITÂNCIA CONTRA O GOLPE E O RETROCESSO POLÍTICO
Diante da gravidade do clima de golpe contra o governo legitimamente eleito, que ameaça de morte a jovem democracia brasileira, voltamos às ruas para reagir às tentativas autoritárias de ruptura democrática, que colocam em risco o projeto popular eleito e legítimo, rasga direitos constitucionais e ataca a liberdade de expressão.
Vivemos um clima de ódio alimentado diariamente pela cumplicidade raivosa que combina vazamentos propositais de decisões do Judiciário com a espetacularização da notícia, manipulada pelos barões da mídia. É um jogo perigoso, que afronta também a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, e que viola regras básicas do bom jornalismo.
Sabemos que, em nosso país, os grandes meios de comunicação são propriedade de meia dúzia de famílias. Não é de hoje que esses magnatas se comportam como partido de oposição ao governo federal, auxiliando na construção da tentativa de golpe, dando livre ação a fontes ocultas, ignorando o direito ao contraditório. Seus proprietários adotam suas linhas editoriais dentro de confortáveis gabinetes, e jogam nas ruas profissionais de imprensa assalariados para a cobertura de manifestações e protestos.
Neste cenário, os trabalhadores da Comunicação arriscam suas integridades físicas em pleno exercício profissional e, com frequência, viram alvo da ação das polícias e de suas balas de borracha, cassetetes e gases de efeito moral, na tentativa de impedir o registro jornalístico de suas violências, de calar a notícia e bloquear o direito da sociedade à informação.
Como entidade de classe na defesa intransigente dos direitos da categoria, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, fundador e filiado à Central Única dos Trabalhadores, enfrenta rotineiramente os ataques dos barões da mídia e repudia qualquer tipo de violência aos profissionais de imprensa, venha de onde vier.
Cabe agora, diante do clima de ódio que só interessa aos golpistas, junto com a CUT e a Frente Brasil Popular, conclamar a militância sindical e social a respeitar o exercício profissional dos trabalhadores e trabalhadoras jornalistas – que não podem ser confundidos com os donos da mídia, seus patrões. Violência contra jornalistas também é um atentado à democracia.
Vale alertar ainda para a possibilidade de provocações intencionais para atingir também as manifestações legítimas de todos e todas que lutam contra a tentativa de golpe e que defendem a liberdade de imprensa e de expressão como um dos pilares para a consolidação da democracia brasileira.
São Paulo, 15 de março de 2016
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP)
CUT Estadual São Paulo (CUT-SP)
Frente Brasil Popular (FBP)