Resistir é preciso, lutar é indispensável. Nesses tempos de ataques aos direitos trabalhistas e à democracia, conquistas de anos de luta da classe trabalhadora, a nova direção do Sindicato foi empossada em abril com muito mais garra para o bom combate diante do cenário difícil imposto pelo patronato aos jornalistas paulistas. Intensificar a atuação sindical e a unidade da categoria para garantir principalmente os empregos, diante da onda de demissões que arrasa também as condições de trabalho, é luta permanente e prioritária.
Só no primeiro trimestre, quase 200 jornalistas espalhados pelas redações do Estadão, Folha, Veja, SBT, Bandeirantes e Jovem Pan foram demitidos arbitrariamente em São Paulo, numa onda de cortes que parece orquestrada e combinada pelos patrões da grande mídia. A desculpa para fechar postos de trabalho, o que em vários casos caracteriza demissão em massa, não convence e mascara a má gestão das empresas que, em nome do lucro, recorrem à solução mais fácil, investem no aumento do desemprego enxugam as redações e ampliam a pressão sobre os que permanecem.
Diante dos ataques patronais, o Sindicato organiza a categoria, busca negociação direta e também recorre à Justiça. Um passo aconteceu com os colegas do Estadão – que realizaram reuniões na frente da empresa e na sede do SJSP -, com a conquista de uma decisão judicial que impede novas demissões até o julgamento da ação do Sindicato, sob pena de multa de R$ 15 mil por jornalista em caso de descumprimento.
Junto com o pacote autoritário dos patrões, a direção do Sindicato está nas ruas e nas lutas contra vários projetos que atacam direitos da classe trabalhadora. Somos contra o ajuste fiscal proposto pelo governo federal, que restringe direitos históricos. Nesse pacote estão duas medidas provisórias que são um retrocesso para os trabalhadores: a MP 664, que altera as regras para acesso a benefícios previdenciários, e a MP 665, que impõe dificuldades para o pagamento do seguro-desemprego.
Não bastasse tudo isso, estamos também na luta contra o projeto de lei da terceirização, o PL 4330/04, desengavetado depois de mais de dez anos e aprovado recentemente pela maioria dos deputados conservadores da Câmara Federal, que autoriza a terceirização sem limites, inclusive de atividades fim das empresas. É sabido que a pejotização imposta aos jornalistas é a versão da terceirização em nosso setor: precariza o emprego e rebaixa salários, com a quebra nas relações de trabalho, o rompimento dos contratos coletivos e a desorganização dos trabalhadores.
Transformado agora em projeto de lei da Câmara – PLC 30/2015 – para discussão no Senado, sob a pressão da mobilização das centrais sindicais lideradas pela CUT, é urgente garantir a regulamentação da vida de 12,7 milhões de trabalhadores terceirizados, mas impedir o retrocesso e lutar pela derrubada de mais um golpe dos patrões.
Por falar em golpe, o Sindicato é contra qualquer tentativa de ataque à democracia brasileira, conquista da luta que custou muitas vidas nos porões da ditadura, e defende o mandato da presidenta Dilma, legitimamente reeleita pelos brasileiros nas eleições do ano passado. Qualquer tentativa de ruptura que não seja pelas urnas é golpismo.
Também nos opomos ao fato de, nas eleições do Sindicato, um grupo de oposição, que atua sempre à margem da entidade, tenha recorrido à Justiça do Estado para intervir no processo eleitoral, em vez de propor uma assembleia para a decisão soberana de quaisquer problemas pelos próprios sindicalizados. Na prática, optaram por uma ação externa contra o Sindicato e os jornalistas, na tentativa de se beneficiar de um tapetão. É um verdadeiro ataque à liberdade, democracia e autonomia sindicais.
Editorial da Direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) publicado no jornal Unidade