O auditório Vladimir Herzog do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) sediou na manhã desta segunda-feira (17) a coletiva de imprensa organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL), que encabeçam as manifestações contra o aumento na tarifa dos transportes públicos em São Paulo.
Tradicional palco de discussões políticas, o auditório foi cedido ao MPL por que durante as manifestações, dezenas de jornalistas foram feridos e agredidos pela Polícia Militar, dois com gravidade. Houve ainda três detidos.
O presidente do SJSP, José Augusto Camargo (Guto), disse que a entidade está à disposição dos profissionais de imprensa que tenham sido prejudicados durante a cobertura das manifestações. “Estamos mobilizados em defesa dos jornalistas e pela qualidade da informação prestada à população. Por isso, a coletiva de imprensa é importante e sua realização no auditório do Sindicato, além de simbólica, foi muito bem vinda”, disse.
SJSP participa dos protestos
Guto disse ainda que o SJSP não apenas acompanha os acontecimentos como está estudando as medidas jurídicas cabíveis a serem tomadas em decorrência das agressões. “Lançamos uma campanha com os dizeres: Violência contra os Jornalistas. Atentado contra a Democracia”, observa ele.
A direção do SJSP participa na tarde desta segunda-feira das manifestações previstas para o Largo da Batata, em Pinheiros. A entidade levará faixas e o material confeccionado para a campanha da violência contra os jornalistas. A categoria deve participar das manifestações, sobretudo, para protestar contra a violência policial e pela Liberdade de Imprensa e de Expressão, prejudicada com a ação da polícia. O SJSP exige rigorosa apuração e punição dos responsáveis.
Feridos e detidos
O SJSP, antes dos acontecimentos, havia entrado em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo exigindo providências contra as arbitrariedades que estavam ocorrendo e solicitou garantias para o trabalho dos jornalistas.
O SJSP exigiu ainda a libertação do jornalista Pedro Ribeiro Nogueira (Portal Aprendiz), que, detido na noite do dia 11, foi solto apenas na sexta-feira (14). A entidade ainda protestou contra a prisão de Piero Locatelli (Carta Capital) e Fernando Borges (Portal Terra).
A entidade também divulgou uma lista com feridos e agredidos pela polícia: Vagner Magalhães (Portal Terra), Fernando Mellis (Portal R7), Gisele Brito (Rede Brasil Atual), Leandro Morais (UOL) e os profissionais da Folha de S. Paulo, Fabio Braga, Marlene Bergamo, Félix Lima, Ana Krepp, Rodrigo Machado, Leandro Machado e Giuliana Vallone – que levou um tiro de bala de borracha no olho e precisou ser internada no Hospital Sírio Libanês. Já na cobertura pelo jornal Metro, foram agredidos Henrique Beirange e André Américo, além de José Francisco Neto (Brasil de Fato), César Lucchesi e Jô Myagui (ambos da TVT).
O caso mais grave foi o de Sérgio Silva, da Futura Press, que estava participando da cobertura quando foi atingido também por uma bala de borracha no olho. Familiares disseram que ele corre o risco de perder a visão.
O secretário da Segurança, Fernando Grella, se comprometeu a apurar os atos de violência realizadas por Policiais Militares contra os profissionais.
MPL
Os membros do Movimento Passe Livre (MPL) afirmaram na coletiva do SJSP que só estão dispostos a negociar a revogação do reajuste. “Só negociamos uma pauta, que é a revogação do aumento”, disse a Érica de Oliveira, que participa do movimento.
“A gente não pode negociar menos do que isso. Negociar algo diferente do que a população quer seria uma traição”, disse Caio Martins
“Estamos abertos ao diálogo. Queremos discutir questões simples, como a garantia de não repressão à manifestação. Os atos são muito maiores do que o movimento”, afirmou Caio. O MPL convidou o prefeito Fernando Hadad a se reunir com o movimento nesta quarta-feira no Sindicato dos Jornalistas, que cederá espaço para o encontro caso ele seja agendado.
Guto fala durante coletiva no SJSP – foto de André Freire