Por meio de sua Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial – Cojira-SP, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) vem a público repudiar com veemência os ataques proferidos pelo presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, contra o jornalista Pedro Borges, co-fundador da agência de notícias Alma Preta.
Em twiter divulgado ontem (18/05), o atual presidente da Fundação Cultural Palmares classificou a atuação de Pedro Borges como defensora de “bandidos”, além de descrever o trabalho da agência de notícias como “racialista” e “segregacionista”. A agressão verbal e até física a jornalistas tem se configurado como praxe do modo de funcionamento do atual governo. O ataque em questão, realizado por mensagem no twitter, compõe esse cenário de violação de direitos, marcado pela “censura com muitas faces”, como aponta o recente relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras, segundo a qual, depois da chegada de Jair Bolsonaro à presidência, o Brasil caiu duas posições na lista ranking de liberdade de imprensa, ocupando o lugar de número 107 em um total de 180 países.
Além de estarem alinhadas à postura de constantes ataques à imprensa e a jornalistas desenvolvida pelo atual governo, as palavras utilizadas por Sérgio Camargo também reforçam estigmas sobre a população negra e o trabalho de jornalistas negros. O Brasil é um país marcado pelas desigualdades raciais e sociais, onde há uma caracterização da comunidade negra como propensa ao crime. As ofensas proferidas pelo atual presidente da Fundação Cultural Palmares reforçam esse estereótipo e, não por acaso, ocorrem durante a publicação pela agência de notícias Alma Preta de uma série de reportagens acerca do destrutivo trabalho do atual presidente à frente daquele órgão público.
É ainda mais lamentável que tais agressões venham, justamente, de uma fundação pública cujos objetivos são a “promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira”. O sr. Sérgio Camargo, como qualquer gestor público, deveria se recordar que tem entre as suas obrigações a de prestar contas permanentemente aos cidadãos. E que entre os papeis do jornalismo está justamente o de cobrar que estas contas sejam prestadas. O SJSP se solidariza com o jornalista Pedro Borges, coloca-se à sua disposição, e se dirige a Sérgio Camargo para que respeite o trabalho da imprensa, que cumpre o papel social de garantir à população brasileira o acesso à informação, segundo o próprio texto constitucional.