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SJSP protesta contra demolição da sede do Grupo Tortura Nunca Mais

SJSP protesta contra demolição da sede do Grupo Tortura Nunca Mais


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O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) repudia a demolição da sede do Grupo Tortura Nunca Mais, em São Paulo e manifesta seu apoio à entidade que ajuda a preservar a memória política e a cidadania no Brasil, tendo atuação das mais relevantes na defesa dos Direitos Humanos. A iniciativa de demolição partiu do padre Lucas Pontel, da Paróquia do Divino Espírito Santo, a qual o imóvel está ligada, que fica em frente à sede do Grupo. 

A dirigente do Conselho de Diretores do SJSP, Rose Nogueira é a presidente do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, assim como Vilma Amaro, da Regionaol ABCD, também é membro da entidade. Que fatos como estes não se repitam.

Leia abaixo o relato e manifesto em defesa dos Direitos Humanos realizado pelo grupo Grupo Tortura Nunca Mais.

 

Padre inicia sem aviso demolição da sede do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo

Na semana do último dia 9 de setembro, o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo (GTNM-SP) encontrou a sua sede, localizada na rua Frei Caneca, n. 986, parcialmente destruída. Parte dos fundos do imóvel foi demolida por ordem do padre Lucas Pontel, da Paróquia do Divino Espírito Santo (a qual o imóvel está ligado), que fica em frente à sede do Grupo.

Cedida por Dom Paulo Evaristo Arns (então arcebispo de São Paulo) na década de 80, o imóvel desde então abriga as atividades do GTNM-SP. O Grupo inicialmente tornou-se um instrumento de organização dos familiares dos mortos, desaparecidos e torturados políticos durante o regime militar brasileiro. A partir de 1987, foi registrado como entidade da sociedade civil e reconhecido como de utilidade pública em nível municipal, estadual e federal, trabalhando na defesa dos direitos humanos, com ênfase na luta contra a tortura praticada por agentes do Estado.

O GTNM-SP abriga um importante acervo sobre os mortos, presos e desaparecidos políticos no período da ditadura militar. Possui um histórico de mais de 26 anos de lutas por direitos humanos em âmbitos nacional e regional. Lembramos com simpatia que o Grupo tem entre seus principais fundadores Dom Paulo Evaristo Arns, a quem reverenciamos como um ícone da luta pelos direitos democráticos em nosso País. A seu lado também são fundadores o eminente jurista Hélio Bicudo, o rabino Henry Sobel e o pastor James Wright, entre outras personalidades.

Hoje o Grupo Tortura Nunca Mais desenvolve atividades contra toda as formas de agressão e tortura praticada contra a pessoa humana pelo poder público e por seus agentes oficiais ou paralelos, em qualquer instância. Sua sede recebe uma dezena de outros grupos e coletivos da cidade que também trabalham com o tema de direitos humanos, como o Movimento P asse Livre de São Paulo (MPL-SP).

 

Defesa dos direitos humanos poderá ceder lugar a um estacionamento

Entendemos que o referido sacerdote, padre Lucas Pontel, por desconhecer a história do GTNM-SP, reconhecido nacional e internacionalmente, tomou essa atitude drástica, à revelia das negociações que vinham sendo desenvolvidas pelos nossos representantes com a Cúria Metropolitana de São Paulo, especificamente com o padre Rodolfo, interlocutor designado pelo cardeal Dom Odilo Scherer.

As negociações entre o GTNM-SP e a Cúria começaram em meados de 2012, quando a Paróquia Divino Espírito Santo manifestou enfaticamente o interesse em reaver a casa, para dar lugar a um estacionamento. Foram então iniciadas as conversas sobre a transferência da sede do grupo e a proposta da Igreja era ceder outro espaço. As poucas opções oferecidas não comportam as atividades do grupo e dos coletivos parceiros, por isso, tanto o GTNM-SP quanto a Cúria buscavam outra alternativa.

Agora fomos atropelados pela truculência do Pe. Lucas, que sem aviso prévio, sem alvará da prefeitura e na ausência de um entendimento definitivo sobre o futuro da sede do grupo, iniciou a demolição do espaço. Consideramos a situação deprimente em que encontramos a parte dos fundos do GTNM-SP um desrespeito à luta pelos direitos humanos que o Grupo desenvolve há décadas. Entendemos isso como uma ofensa moral a luta histórica que o GTNM-SP vem travando há anos.

 

Em defesa dos direitos humanos

O momento é especialmente delicado, pois à sede tem sido muito utilizada pelo grupo para debates e reuniões sobre as sucessivas demonstrações de violência do Estado, como as ações truculentas das polícias durante os protestos de rua dos últimos meses. Com o início da demolição, essas atividades agora estão comprometidas.

Diante da falta de bom senso, da falta de respeito à história do GTNM-SP e de seus fundadores, viemos a público denunciar esta ação arbitrária, autoritária do Pe. Lucas Pontel, e dizer que daqui não saímos, a não ser junto com os escombros que ele começou a demolir. Resistiremos a mais esta luta em memória daqueles que lutaram e lutam pelos direitos humanos.

 

Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo

 

 

 

 

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