A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), através de seu presidente, José Augusto Camargo (Guto), participou na tarde desta terça-feira (26) do evento em homenagem aos 8 anos de existência da Agência de Notícias Afropress – que tem enfoque na questão racial, realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Guto destacou a importância da iniciativa da Afropress em celebrar os 8 anos da Agência promovendo o I Encontro de Leitores. “Eu gostei da ideia de Encontro de Leitores, gostei de ter participado. Foi uma oportunidade forte, importante, para que o Sindicato institucionalmente se apresentasse. Afinal de contas, a gente tem historicamente a parceria, a organização, a própria ideia da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo (Cojira/SP) funcionar no Sindicato. Uma preocupação de anos do Sindicato de aprofundar, de estreitar, isso é muito importante. Precisamos manter o funcionamento cada vez mais dinâmico da nossa Cojira. Por isso o Sindicato participar de um evento como esse foi muito importante”, destacou.
O presidente do SJSP lembrou ainda que o Sindicato teve entre seus fundadores e que compôs a primeira diretoria da entidade um jornalista negro, Lino Guedes, que foi redator-chefe do jornal Getulino, diretor do jornal Maligno e editor do jornal Progresso, nos anos 20. Ele, juntamente com Oswald de Andrade, encabeçou a luta da categoria para formar sua entidade de classe. “O SJSP tem história de lutas pela democracia e contra a discriminação racial”, diz Guto. Ele aproveitou a oportunidade para convidar jornalistas negros, que tenho sido vítimas da ditadura dar seu depoimento para a Comissão da Verdade do Sindicato dos Jornalistas, contando como era a perseguição que os militares realizaram a este tipo de profissional que militou pelas causas negras.
Na mesa que abriu o evento, o jornalista e escritor Oswaldo Faustino (ex-Estadão) fez um retrospecto da história da imprensa negra desde os tempos do império, passando pelo início do século XX, quando veículos como O Menelick, Voz da Raça e Clarim da Alvorada se tornaram pioneiros.
Segundo Faustino, a Afropress lembra muito o pioneirismo destes veículos e se insere na história da Imprensa Negra brasileira, que foi fundamental na luta e na resistência ao racismo. Já Flávio Carrança, da Cojira/SP, lembrou os primeiros veículos do período pós-ditadura militar e que foram fundamentais para ressurgimento do movimento negro a partir de 1978, com a criação do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial. Já Juliana Gonçalves dos Santos, do Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades (CEERT) e também da Cojira/SP, apresentou como era a abordagem da mulher pela imprensa negra.
Para o editor de Afropress, Dojival Vieira, que fez um retrospecto das dificuldades enfrentadas desde o surgimento do veículo em 2005 – lembrando os ataques sofridos de grupos neonazistas e até as ameaças à integridade física dos profissionais responsáveis – a Afropress é fruto da “teimosia e da ousadia de um pequeno grupo de jornalistas”.
“Ao longo destes 8 anos, temos buscado fazer um jornalismo crítico, independente, produzindo conteúdo jornalístico e buscando a reflexão e a formação de opinião, de todos os que querem um Brasil sem racismo e com igualdade. Nos recusamos a fazer o papel de mídia negra chapa branca. Que venham os próximos 80 anos”, destacou.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão da Verdade da Assembléia Legislativa, deputado Adriano Diogo (PT) fez a entrega ao editor, jornalista Dojival Vieira, de uma placa para celebrar os 8 anos do veículo. A deputada Leci Brandão (PC do B) participou da mesa e da entrega da placa.
Texto: Da Redação com Afropress – Foto da Afropress