Prefeito da capital desrespeita liberdade de imprensa e acusa repórter da CBN de “má fé”
Doria na chegada do programa “Cidade Linda”
ao centro histórico da capital, no último mês de março
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vêm repudiar, mais uma vez, o comportamento autoritário do prefeito de São Paulo João Doria, que desqualificou e reputou de má fé a matéria da jornalista Camila Olivo, da Rádio CBN.
Na última quarta-feira (19), por volta das 7h, a repórter transmitiu a notícia de que, numa ação de limpeza na Praça da Sé, no centro paulistano, um caminhão a serviço da prefeitura atingiu com jatos de água os cobertores e outros pertences de pessoas em situação de rua que ocupavam o local, muitas delas ainda dormindo. A notícia causou impacto também por registrar que, neste dia 19 de julho, a temperatura mínima chegou a 7,9°C, uma das manhãs mais frias do ano na capital paulista.
A princípio, Doria, por meio de sua assessoria de imprensa, e o prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, admitiram publicamente que se tratava de um “descuido” e que o funcionário da empresa terceirizada seria demitido. Porém, depois de admitir o erro, no período da tarde a posição do prefeito mudou. Ele publicou um vídeo desqualificando a reportagem e acusando a jornalista de má fé.
Mais uma vez, Doria tenta contrapor um jornalista em pleno exercício da profissão, num gesto que já está se tornando useiro pelo prefeito – o de inibir a prática do jornalismo. Ao mesmo tempo, um site apoiador de Doria, imprimindo um viés ideológico a sua nota contra a jornalista, foi compartilhado nas redes sociais do MBL e do vereador Fernando Holiday (DEM-SP), o que gerou inúmeras manifestações de ódio contra a repórter.
A reportagem de Camila Olivo foi repercutida nesta quinta-feira (20), em matéria não assinada, na capa do caderno “Cotidiano”, da Folha de S. Paulo, e foi notícia do site da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). A Rádio CBN, por sua vez, apoiou a jornalista encaminhando informações para providências de seu departamento jurídico e solicitou ao Facebook a retirada das postagens ofensivas que estavam circulando na rede.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo se solidariza com a jornalista Camila Olivo e, já informado dessas ocorrências, coloca o departamento jurídico da entidade à disposição da repórter, advertindo que a intolerância e a prática de governantes, de homens públicos e de agentes do Estado, de inibir a imprensa – como já ocorreu até às piores consequências – é conhecida dos jornalistas brasileiros e, como deve, será repudiada e combatida no amplo campo de debate da vida democrática.
São Paulo, 21 de julho de 2017
Direção – Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Foto: Leon Rodrigues/Secom-PMSP