Foto de Nilton Cardin
Na manhã desta quinta-feira (dia 24), dois repórteres fotográficos que cobriam a greve dos trabalhadores da Johnson & Johnson, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, foram agredidos pela polícia. O confronto entre grevistas e a PM atingiu também jornalistas que faziam a cobertura da mobilização. Lucas Lacaz, freelancer, foi agredido com gás de pimenta e Nilton Cardin, do jornal ADC News, recebeu golpes de cassetete.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo repudia a ação truculenta da Polícia Militar contra os jornalistas e também contra os grevistas da multinacional. Este procedimento viola o direito constitucional de livre organização e de greve dos trabalhadores realizado por agentes cuja função é de apenas garantir a segurança e a ordem.
Repressão policial
Há três dias, a tropa de choque da PM tenta reprimir a assembleia dos trabalhadores que estão em greve por tempo indeterminado. A ação truculenta da PM teve início na terça-feira, dia 22, com policiais escoltando os ônibus que chegavam à empresa com os trabalhadores. Alguns ônibus foram colocados à força para dentro dos portões, apesar de os trabalhadores estarem em pé dentro dos veículos pedindo para descer para poderem participar da assembleia com o Sindicato dos Químicos de São José dos Campos e Região.
Após muita resistência dos grevistas, a escolta da PM não conseguiu avançar com todos os ônibus sobre o piquete de convencimento. Os trabalhadores tiveram que descer longe da portaria da empresa e foram caminhando até a rotatória próxima à empresa para participar da assembleia, quando os trabalhadores votaram amplamente pela manutenção da greve, apesar da violência da PM, até que a empresa abra negociação com o Sindicato.
Os trabalhadores reivindicam abono salarial, vale-alimentação, 85% de hora extra em dias normais e 130% durante o descanso semanal renumerado, dias compensados e feriados, gatilho salarial de 5%, redução do custo do transporte dos trabalhadores, redução da jornada para os trabalhadores das empresas terceirizadas em igualdade com os trabalhadores do grupo Johnson, restabelecimento e reposição dos valores de piso salarial rebaixado pela empresa com equiparação garantindo-se função igual, salário igual, fim do sistema de operações em que um trabalhador opera mais de uma máquina ao mesmo tempo e garantia de 60 minutos de intervalo para refeição.
Com a adesão de 100% dos trabalhadores o movimento grevista segue se fortalecendo com o apoio e indignação crescentes dos trabalhadores com relação às ações da multinacional para impedir o direito de greve e colocar a tropa de choque dentro da empresa. A paralisação segue firme e por tempo indeterminado.