A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo protestou, na manhã desta terça-feira (03), contra as demissões que estão ocorrendo no grupo O Estado de São Paulo. O protesto ocorreu durante a terceira rodada de negociação com o sindicato patronal de Jornais e Revistas da Capital.
As informações que chegaram ao SJSP dão conta de que os cortes estão ocorrendo a conta-gotas, com a demissão de um jornalista a cada dia. Mas, ainda segundo as denúncias, só na última quinzena, cerca de dez trabalhadores já perderam seus empregos. Isso levou o Sindicato a fazer um protesto formal diante dos representantes das empresas, na mesa de negociação.
Os demitidos, mantidos em sigilo pela empresa, seriam dois editores do Estadão e sete repórteres do Jornal da Tarde. O RH da empresa não confirma as informações. Por esse motivo, já na semana passada, a direção do Sindicato solicitou uma reunião com representantes da empresa, que se negam a receber os sindicalistas.
“Diante do impasse, o Sindicato analisa as medidas que irá adotar”, afirma o dirigente do Departamento Jurídico, Paulo Zocchi. Segundo ele, as empresas estão com a saúde financeira em dia, o que demonstra que as demissões são injustas e imotivadas. ““É exatamente por isso que, nesta Campanha Salarial, estamos reivindicando o cumprimento da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que impede as demissões sem motivo, obrigando as empresas a se explicarem quando elas ocorrerem”, completa Zocchi”.
Poucos avanços
Houve poucos avanços na nova rodada de negociação, da qual participaram, além de Zocchi, os diretores André Freire, José Eduardo Souza e Vladimir Miranda. O Sindicato reiterou que considera inaceitável a proposta de reajuste de 4% no piso salarial e na PLR, apresentada na rodada de negociação anterior, agravada pela divisão da categoria, já que o índice seria aplicado para salários de até R$ 10.580,00. Acima desse valor, o reajuste seria de R$ 423 fixos. Para piorar, o índice proposto sequer repõe a inflação do período que é de 4,86% pelo INPC.
Os jornalistas reivindicam a unificação do piso salarial em R$ 4 mil para jornada de 7 horas diárias e de R$ 2,5 mil para 5 horas, além de reajuste 8,5% (soma do INPC + 3,5% de aumento real) para os que recebem acima desses valores.
No mês passado, o Sindicato já havia obtido a garantia de manutenção da data base em 1º de junho, o que significa dizer que todas as conquistas serão pagas com retroatividade. Além do piso unificado para todos os segmentos em todo o estado, os jornalistas reivindicam vale-refeição de R$ 20 ao dia, PLR de um salário nominal e adicional especial de 50% para jornalistas de imagem.
Outros itens da pauta prioritária são o respeito à jornada de trabalho, com pagamento de horas-extras; licença-maternidade de seis meses, auxílio-creche também para os pais, fim da pejotização (contratação por intermédio de nota fiscal) e do assédio moral, melhores condições de trabalho, Direito de Consciência – possibilidade de o profissional se recusar a fazer reportagens que firam princípios éticos ou que ameacem a segurança física e psicológica – e a adoção da Convenção 158 da OIT, que impede as demissões imotivadas.