O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) lamenta informar o falecimento do jornalista Clóvis Meira, no último dia 9, aos 101 anos de idade.
Nascido em Aracaju, Estado de Sergipe, no dia 14 de abril de 1913, o jornalista começou lá a atuar na profissão, depois de trabalhar com compra e venda de livros. Veio para São Paulo por sofrer perseguição política em sua terra, já que era militante de esquerda. Aqui, atuou em diversos órgãos de imprensa, sendo o último O Estado de S. Paulo, de onde saiu aposentado como revisor.
Teve atuação prolongada e ativa no Sindicato dos Jornalistas, e foi também membro atuante da Associação dos Jornalistas Veteranos, onde trabalhava no sentido de recuperar a memória do jornalismo paulistano.
Estimado por todos, sempre discreto e elegante, com seu terno escuro e gravata borboleta, só os mais íntimos lhe conheciam a verve irônica e a capacidade de analisar os fatos, sempre à luz de uma visão crítica e historicamente bem situada.
Grande conhecedor da língua portuguesa, foi um mestre de inúmeras gerações de revisores, que orientava com carinho e objetividade.
Aos oitenta anos, publicou um livro, cujo lançamento foi no Sindicato dos Jornalistas: As três faces de Lima Barreto. Já depois dos oitenta, finalizou outro livro, um verdadeiro documento de literatura comparada, em que confronta diversos estudos críticos escritos sobre Manuel Antonio de Almeida e sua obra máxima, Memórias de um Sargento de Milícias. Este livro, ainda inédito, aguarda editor que possa trazê-lo a público.
Clóvis Meira era um homem de letras, de muitas letras. Falava pouco, mas, quando falava, dizia muito. E sempre muito acertadamente.
Foi sepultado no Cemitério Valle dos Reis, em Taboão da Serra, SP, altura do Km 275,5 da Rodovia Régis Bittencourt.