Os boatos de fechamento do Jornal da Tarde ganharam consistência hoje (16), após o vazamento de um e-mail endereçado a diretores da empresa. No texto está fixado o dia 2 de novembro como a data da última edição do jornal. A mensagem apresenta ainda um cronograma interno de ações ligadas ao fechamento, como avisos aos anunciantes, comunicados internos e a transferência do Jornal do Carro para o Estadão.
A notícia causou profunda indignação entre os jornalistas, sobretudo pela absoluta falta de respeito com que a empresa trata os profissionais que garantem, cotidianamente, a qualidade e credibilidade do JT. Sem contar que esses trabalhadores têm famílias para sustentar, o que depende de seu trabalho. Desta forma, a empresa pisoteia em anos de serviço dedicado ao sucesso da publicação.
Desde a semana passada, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) tenta marcar uma reunião com a empresa para discutir o assunto. O SJSP opõe-se a qualquer demissão e luta para que todos os profissionais hoje vinculados ao JT mantenham seus empregos. Ontem (15), o Sindicato entrou em contato com o jornal pedindo para entrar nas redações amanhã (quarta-feira, 17), o que foi negado pela empresa.
Dessa forma, o Sindicato irá protocolar amanhã (17) ofício solicitando a formalização de um Termo de Compromisso Formal de Intenções com a empresa pedindo às seguintes medidas: a manutenção de circulação do JT até 31/12/2012, pelo menos; o compromisso da direção do grupo em comunicar ao SJSP com prazo mínino de 30 dias de antecedência, caso haja a intenção de efetuar o encerramento de qualquer veículo de comunicação do Grupo Estado de S. Paulo e a abertura de negociações com o SJSP para buscar alternativas que minimizem o impacto de qualquer mudança na empresa.
O SJSP insiste em debater a grave situação com a empresa, visando defender os legítimos interesses dos jornalistas. Não se pode aceitar esse tratamento com tanto descaso, como se o trabalhador fosse material que pode ser descartado a qualquer momento. As empresas jornalísticas são boas para defender a “liberdade de expressão” para seu público externo, mas, quando se trata das relações de trabalho, o que vemos são medidas secretas, entabuladas às escondidas, e a negativa em debater e negociar abertamente com os jornalistas e sua entidade representativa.
Nesta quarta-feira, o Sindicato dos Jornalistas estará no Grupo Estado, no início da tarde, para conversar com a categoria, mesmo que seja na calçada, para deliberar suas formas de ação, com o objetivo de garantir o emprego de todos. Afinal, a função da entidade é representar a categoria, e, para isso, reunir os trabalhadores e conversar com eles é uma condição essencial.