A direção do Sindicato dos Jornalistas se reúne na quinta-feira cedo com representantes da editora Abril para discutir a situação de 14 jornalistas que correm risco de demissão com o anúncio de que a empresa não vai mais publicar as revistas Playboy, Men´s Health e Women´s Health. A decisão de deixar de publicar os títulos foi tornada pública na última quinta-feira, véspera do feriado. Ao tomar conhecimento do problema, imediatamente o Sindicato entrou em contato com a empresa para defender a manutenção dos empregos.
Ela afirmou, então, que estão em curso negociações comerciais para a passagem dos títulos para outras editoras. Segundo a empresa, há a possibilidade de, com as revistas migrando de editora, os jornalistas continuarem nas redações ou serem transferidos para outra redação na própria Abril. Aventou, ainda, a possibilidade de demissões. O Sindicato afirmou que se opõe a qualquer demissão, mas pode negociar a ida de jornalistas para um novo empregador com recontratação e manutenção dos mesmos salários.
Nesta segunda e terça, o Sindicato reuniu-se com jornalistas das três redações para preparar a negociação com a empresa. Todos continuam trabalhando nas edições de dezembro das publicações.
Histórico das negociações
Desde junho, a Editora Abril demitiu dezenas de jornalistas (só nesse período foram 110), o que levou o SJSP a recorrer ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para impedir as demissões em massa, impondo a necessidade de negociação com o Sindicato, cuja linha é a defesa de todos os empregos e o combate a qualquer demissão. Ao final de duas rodadas de negociação, e sob injunção da corte, chegou-se a um acordo prevendo que os demitidos receberiam, além dos direitos trabalhistas, um salário a mais de indenização e a extensão por seis meses do plano de saúde. No acordo, a empresa foi proibida de demitir mais de 14 jornalistas nos meses de setembro e outubro, estabelecendo-se uma barreira efetiva às demissões em curso. A editora Abril, porém, mostra que são verdadeiras os boatos de que a empresa pretende se desfazer, no médio prazo, das revistas licenciadas, ou seja, daquelas que não é dona do título, e pelo qual paga royalties — caso das três revistas que agora encerra a publicação. A diretoria do Sindicato insiste desde junho na proposta de fazer uma reunião com a presidência da Editora Abril, para que os jornalistas sejam oficialmente informados dos passos que a empresa pretende dar no próximo período, para poderem organizar sua ação em defesa dos salários, direitos e empregos. Nos últimos meses, a Editora Abril fechou também a versão digital da revista INFO e transferiu vários títulos (e as redações) para a Editora Caras.