O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) cobra do Governo do Estado esclarecimentos e medidas em função aglomeração em coletiva de imprensa na manhã desta terça (29/6). Segundo relato de profissionais de imprensa de diversos veículos, o anúncio do programa “São Paulo Acolhe” pelo governador João Doria (PSDB) reuniu centenas de pessoas, em local fechado, sem possibilidade de manter o distanciamento. Estiveram presentes, sem realização de testagem, prefeitos, assessores e outros políticos de diversas partes do estado, os quais chegaram a ocupar o espaço reservado para as equipes de reportagem.
Em nota, a Secretaria de Comunicação do governo informou ao SJSP que “houve um fluxo de pessoas maior do que o previsto”. Em conversa telefônica, a Secretaria não informou: se foram convidadas autoridades de vários municípios do estado, como o número de pessoas não foi previsto? Por que não foi tomada nenhuma providência para controlar o acesso de presentes dentro do Palácio dos Bandeirantes e garantir distanciamento? Por que, terminada a coletiva, não foi tomada nenhuma providência para dispersar o quanto antes os presentes?
O governo também afirmou, na sua nota, que “tomará todas as medidas para que isso não se repita.” Mas a afirmação também havia sido feita antes deste lançamento: “a Secretaria de Comunicação adotou medidas para que os jornalistas não fiquem próximos entre si nesses eventos”, dizia o anúncio de pauta enviado a diferentes veículos. O Sindicato questionou, por telefone, quais serão as medidas tomadas a partir de agora, mas não recebeu resposta. A interlocutora da Secretaria de Comunicação tampouco soube informar com qual setor do governo o Sindicato poderia apresentar demandas de segurança para as próximas coletivas de imprensa.
O SJSP enviou ofício para documentar e formalizar a cobrança de que o governo Doria apresente explicações públicas sobre o por que o lançamento foi organizado dessa forma, e quais providências serão tomadas para que não se repita. (Leia o ofício enviado à secretário de comunicação, Cleber Mata, e ao governador do estado, João Doria)
O Sindicato também cobra das empresas de comunicação que garantam aos jornalistas o direito de não se colocar em situação de risco de contágio por irresponsabilidade de terceiros, seja em eventos do governo estadual, federal ou de qualquer outra natureza.
O SJSP, ainda, protesta veementemente contra a aglomeração desta manhã. Desde abril, solicitamos formalmente providências que ordenem as entrevistas coletivas e outros eventos com a presença do governador e de outras autoridades do serviço público estadual, de forma que se evitem aglomerações e o risco de contágio dos profissionais de imprensa pelo covid-19.
A negligência em relação à segurança sanitária dos profissionais que representamos obriga-nos a exigir que o governador João Doria e o secretário de Comunicação expliquem publicamente quais são as dificuldades para se organizar entrevistas coletivas em que os repórteres de texto, cinegrafistas e fotojornalistas possam atuar, com o distanciamento que a pandemia requer; e que providências serão tomadas deste momento em diante, para que essa perigosa exposição não se repita.
Cabe-nos destacar, ainda, que em nome da preservação da vida dos trabalhadores, desde janeiro deste ano, vimos solicitando vacinação em regime de urgência dos jornalistas que atuam presencialmente na linha de frente da cobertura da pandemia. O governo do estado tem negado sistematicamente essa solicitação e, infelizmente, parece desprezar os cuidados sanitários básicos preceituados com unanimidade pelos especialistas.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
