Campanha prossegue por empresa para pagamento imediato das diferenças e da participação nos resultados
Mais de cem dias depois da data-base, foi assinada a Convenção Coletiva 2014-2015 com as empresas de rádio e televisão do Estado de São Paulo, retroativa a 1º de dezembro de 2014. O acordo assinado hoje (20 de março) repõe a inflação do período pelo INPC, com a correção de 6,33%, prevê aumentos reais nos pisos salariais, no tíquete-restaurante e no auxílio-creche, e estabelece o pagamento de valores a título de participação nos resultados (veja a tabela abaixo).
A campanha foi marcada por uma grande intransigência das empresas, que, apesar de terem obtido excelentes resultados econômicos nos últimos anos – e o caixa reforçado em 2014 com a desoneração tributária -, recusaram-se a conceder qualquer aumento real, que seria apenas um pequeno reconhecimento pela grande participação dos jornalistas no ótimo desempenho das emissoras.
A aprovação ocorreu em assembleias em todo o Estado, que contaram com a participação de mais de 600 jornalistas. Nestas reuniões, a categoria e a direção do Sindicato puderam debater o cenário duro das negociações e, além de aprovado o acordo, decidiu-se enviar uma carta às empresas (veja abaixo) mantendo a reivindicação de aumento real no horizonte, e antecipar o início da próxima campanha salarial para a primeira quinzena de setembro. A diferença de salário soma quatro vezes 6,33%, relativos aos salários de dezembro, 13º, janeiro e fevereiro, num total de 25,32%.
Na hora de assinar, porém, os patrões vieram com uma nova surpresa: traíram sua palavra e colocaram no acordo a possibilidade de as empresas parcelarem a diferença em até 4 vezes e pagar a PPR até julho. O Sindicato dos Jornalistas protestou e exigiu o pagamento da diferença de salário e da PPR imediatamente após a assinatura do acordo. Os patrões chantagearam a categoria, pois, ao se recusar a assinar, comprometiam o restante da convenção.
Nosso Sindicato passou então a informar aos jornalistas a situação e a tentar alternativas de negociação. Os patrões aceitaram apenas colocar o compromisso de que as empresas com mais de 85 jornalistas pagarão de uma só vez a diferença de salário. Ao mesmo tempo, a TV Record, a partir de uma forte pressão interna dos jornalistas e uma negociação com a direção do Sindicato, decidiu se comprometer a pagar a PPR no salário de abril (até 5 de maio).
Hoje cedo, por fim, tendo feito diversas consultas a jornalistas em diferentes empresas, o Sindicato decidiu assinar a Convenção Coletiva, garantindo o reajuste já no salário de março, e enviar ofícios a todas as empresas da área propondo negociações semelhantes à da Record, ou seja, que a diferença de salário e a PPR sejam pagos o mais rápido possível.
O Sindicato pede aos jornalistas que entrem em contato informando a situação em cada empresa, por telefone, pelo e-mail jornalista@sjsp.org.br ou pelo facebook.
Veja como ficou os valores da Campanha Salarial:
Reajuste salarial
Reajuste de 6,33% (INPC)
Piso salarial (5 horas)
Capital – R$ 2.100,00 (reajuste de 7,4%)
Município com mais de 80 mil habitantes – R$ 1.365,00 (reajuste de 7,9%)
Municípios com menos de 80 mil habitantes – R$ 1.314,00 (reajuste de 6,4%)
PLR/PPR
Até 25 jornalistas 30% do salário limitado em R$ 1.185,00 (aumento de 7,73%)
De 26 a 45 jornalistas 34% do salário limitado em R$ 1.935,00 (aumento de 7,5%)
De 46 a 85 jornalistas 36% do salário limitado em R$ 2.215,00 (aumento de 7,52%)
Mais de 85 jornalistas 45% do salário limitado em R$ 7.305,00 (aumento de 7,43%)
Abono para fundações
Até 25 jornalistas 28% do salário limitado em R$ 1.185,00 (aumento de 7,73%)
Acima de 25 jornalistas 33% do salário limitado em R$ 2.215,00 (aumento de 7,52%)
Outros reajustes
Auxílio-Creche – R$ 312,00 (reajuste de 6,85%)
Seguro de vida – R$ 23.000,00 (reajuste de 6,72%)
Multa por descumprimento da convenção – R$ 17,01 (reajuste de 6,33%)
Alimentação em viagem – R$ 23,00 (reajuste de 9,5%)
Vale-alimentação – Capital R$ 15,40 (reajuste de 10% – isonomia com os radialistas)
Interior R$ 14,00 (reajuste de 14,28%)
Auxílio-funeral – Morte natural R$ 2.700,00 (reajuste de 6,5%)
Morte por acidente de trabalho R$ 5.400,00 (reajuste de 6,53%)
OBS.: Nos demais itens se repete as cláusulas da CCT anterior sem mudanças.
CARTA ENTREGUE ÀS EMPRESAS DE RÁDIO E TV
Aos empresários do setor de Rádio e TV
Nós, jornalistas profissionais que prestamos serviço ao setor de Rádio e TV no estado de São Paulo, nos dirigimos aos empresários do setor para deixar claro que continuamos reivindicando aumento real em nossos salários, como forma de aumentar o poder aquisitivo dos jornalistas. Para nós, trata-se de um reconhecimento ao nosso trabalho, determinante para o excelente resultado econômico que as empresas de rádio e televisão alcançaram nos últimos anos.
Considerando que o setor vive um ótimo momento e apresenta, ano após ano, crescimento das verbas publicitárias, nossa reivindicação, além de razoável, é justa. Lembramos que, entre 2010 e 2014, as receitas com publicidade do setor aumentaram de 26 bilhões para mais de 32 bilhões e, neste período, não houve nenhum aumento real nos salários dos jornalistas, salvo nos pisos. Em 2014, a desoneração tributária das empresas do setor reforçou ainda mais seu caixa. Ao mesmo tempo, houve um inegável aumento da produtividade do trabalho dos jornalistas, pois redações menores estão ampliando sua produção jornalística.
É chegada a hora, portanto, de um reconhecimento por parte das empresas na forma de aumento real, acima da inflação, que, como se sabe, fica definitivamente incorporado aos salários e demais direitos. Com essa mensagem, nos colocamos prontos para debater, seja com o Sindicato das Empresas, seja com empresas isoladamente, essa reivindicação de toda a categoria, e reafirmamos que, para a próxima campanha salarial, a ser realizada ainda neste ano, nossa reivindicação conterá pedido de reajuste salarial para além da inflação do período.
