A direção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) estará presente nesta sexta-feira (20), no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília, para acompanhar o julgamento do dissídio coletivo dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
No último dia 10, os trabalhadores da EBC entraram em greve, após semanas de negociação que não resultaram em um acordo coletivo. A categoria cobra correção salarial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acrescida de um aumento linear nos salários de R$ 450 e reajuste dos tíquetes refeição e alimentação pelo IPCA mais 4,25%, além de três tíquetes extras durante o ano. A empresa ofereceu 3,5% de reajuste.
Após o anúncio da paralisação, a empresa decidiu ingressar com um pedido de dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Diante do impasse, os trabalhadores da EBC, com apoio da CUT enviaram uma carta à presidenta Dilma Rousseff e ao ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, pedindo apoio à manifestação.
Confira abaixo o conteúdo:
À Presidenta Dilma Rousseff
Ao ministro da Comunicação Social, Edinho Silva
Solicitação de apoio aos trabalhadores da EBC.
Prezada presidenta Dilma, prezado ministro Edinho Silva.
Nós, trabalhadoras e trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), vimos pedir o seu apoio em nossa luta por justa e necessária reposição salarial.
Reunidos em Assembleia Nacional dia 12 de novembro, decidimos nos dirigir diretamente à senhora e ao ministro Edinho, para que orientem a direção da empresa a garantir no mínimo a reposição da inflação de 9,49% (IPCA de novembro/14 a outubro/15) e dessa maneira possamos iniciar negociações efetivas através dos nossos sindicatos e comissão de empregados.
Nos foi oferecido, como proposta inicial na negociação salarial deste ano, reajuste de zero por cento. Em seguida, foi apresentada outra oferta, de 2,5%, e uma terceira, de 3,5%, com acordo para dois anos. Para nós, isto foi entendido como total descompromisso com nossa luta e representaria, na prática, se levado a cabo, em redução salarial superior a 6% por cento. A alegação é o corte no orçamento da empresa por conta do ajuste fiscal, mas não acreditamos que este deva ser feito em prejuízo dos trabalhadores.
Tal quadro atual de negociação é inconcebível, ainda mais se tratando de um governo encabeçado pelo Partido dos Trabalhadores, que em suas lutas históricas jamais aceitou a desvalorização salarial e sempre lutou pela dignidade da classe trabalhadora.
Para garantir nossos direitos, e por conta da postura intransigente da diretoria da EBC, decidimos entrar em greve, instrumento legítimo de luta dos trabalhadores, embora nosso desejo, desde o início não fosse o de parar. Honestamente, podemos dizer que fomos empurrados para a greve por esta diretoria, que não se esforçou em verdadeiramente negociar com nossa categoria.
Da mesma forma que todos os brasileiros, enfrentamos um ano difícil, em que a inflação se refletiu nos produtos básicos dos quais dependem nossas famílias, principalmente alimentação, fragilizando o nosso orçamento doméstico.
Entre nossas missões, está a de quebrar o monopólio do discurso midiático comercial, oferecendo ao público brasileiro elementos diversos para a compreensão do contexto político e econômico do país. Representamos o sistema público e também estatal de comunicação. Temos tentado, dentro de nossas possibilidades e limitações, levar uma análise própria e independente sobre os fatos nacionais.
Somos empregados públicos qualificados e sempre motivados, prontos para darmos a melhor resposta, quando requisitados. Mas para mantermos nossa moral elevada, é preciso haver reconhecimento por nosso trabalho.
Também é importante destinar à empresa a parte que lhe cabe dos recursos do Fistel, garantir abertura de concurso público para acabar com os acúmulos de função e preencher os cargos de direção por funcionários do nosso quadro efetivo.
Quando o presidente Lula criou a EBC, deu um passo importante para democratizar a comunicação no país, para dotar o Brasil de importantes veículos de informação que permitam à população brasileira ter acesso a conteúdo jornalístico e de entretenimento de alta qualidade.
É fundamental avançar nesta via, e não retroceder. Como sabemos, uma emissora é composta basicamente de capital humano. A preservação dos salários, pela correção inflacionária, é condição mínima para preservar a EBC, e prosseguir no trabalho por seu fortalecimento e crescimento.
Por isso apelamos para que nossa solicitação seja atendida.
Atenciosamente,
Trabalhadoras e trabalhadores da EBC
Comissão de Funcionários
Sindicatos dos Radialistas e dos Jornalistas do DF, RJ e SP
FENAJ E FITERT
CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
Da Redação com informações da EBC