Em coletiva de imprensa no Sindicato dos Jornalistas, fotógrafo afirma que vai recorrer da decisão precoce e arbitrária
Em coletiva na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), na manhã desta sexta-feira, 19, o fotógrafo Sérgio Silva afirmou que sentiu um misto de indignação e conformação quando soube da decisão judicial que negou seu pedido de indenização, uma vez que já esperava por um resultado hostil. “O Alex silva passou pela mesma coisa. Eu como um Silva também não esperava tratamento melhor”, afirmou durante o evento.
Além de Sérgio Silva, participaram também da coletiva o ex-presidente da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo (Arfoc-SP), Rubens Chiri; um dos advogados do fotógrafo, Maurício Vasques, e o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Paulo Zocchi. “Casos como o Sérgio são o ápice da escalada da violência contra o jornalista que começou em 2013”, afirmou o dirigente.
A decisão
O juiz Olavo Zampol Júnior, da 10ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, indeferiu o pedido de indenização que Sérgio moveu em 2013 contra o Estado, após perder o olho esquerdo atingido por uma bala de borracha da Polícia Militar, no em 13 de junho de 2013, enquanto cobria uma manifestação no centro da cidade.
Na decisão, o juiz afirma que Sérgio Silva é o único responsável pela violência que sofreu. “No caso, ao se colocar o autor entre os manifestantes e a polícia, permanecendo em linha de tiro, para fotografar, colocou-se em situação de risco, assumindo, com isso, as possíveis consequências do que pudesse acontecer, etc”, afirmou.
O veredicto se assemelha ao despacho do desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Vicente de Abreu Amadei, que em 26 de setembro de 2014 absolveu o Estado de qualquer responsabilidade pelo tiro de bala de borracha disparado pela Polícia Militar que acabou com mais de oitenta por cento da visão do olho esquerdo de Alex Silveira, fotojornalista que cobria uma manifestação de professores na Avenida Paulista em 18 de julho de 2000.
Noite de violência
O fotógrafo foi alvejado na esquina da Rua da Consolação com a Rua Caio Prado, logo depois de fotografar a tropa de choque em posição de ataque contra manifestantes contrários ao aumento da tarifa de transporte público. Naquela noite, a corporação reconhece haver disparado pelo menos 506 balas de borracha. Houve mais de cem feridos e mais de duzentos presos.
“O sistema tem quem que mudar. É preciso reestruturar o judiciário. Esta sentença desnuda a cumplicidade da polícia e do judiciário na escalada de violência contra o jornalista”, protestou Sérgio Silva.
Um abaixo-assinado lançado por Sérgio Silva no site Change.org na tarde desta quinta-feira, 18 de agosto, em repúdio à decisão, já conta com mais de mil apoiadores. O documento pode ser acessado através do linkhttp://