A Polícia Civil brasileira indiciou no dia 16 de fevereiro Renato Oliveira, secretário adjunto da prefeitura de Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, como autor do ataque contra o jornalista Gabriel Barbosa da Silva, que aconteceu no dia 28 de dezembro do ano passado.
Além de Oliveira, até então secretário adjunto de Gestão Tecnológica e Comunicação da prefeitura, seu amigo e segurança Lennon Roque também foi indiciado como autor do crime de lesão corporal grave, informou a Folha de S. Paulo. Os dois podem ser condenados a uma pena de 2 a 8 anos de prisão, mas devem aguardar o julgamento em liberdade, segundo Verbo Online.
Barbosa da Silva, conhecido como Binho, trabalha como jornalista e chargista no Verbo. O meio jornalístico online da cidade de 240 mil habitantes tem linha editorial crítica à administração do prefeito Ney Santos, do Partido Republicano Brasileiro (PRB), da qual Renato Oliveira fazia parte.
Segundo Binho relatou e a Polícia Civil apurou, o jornalista estava em sua moto na rodovia Régis Bittencourt, nos arredores de São Paulo, quando um carro o empurrou para fora da pista, por volta das 2h da madrugada do dia 28 de dezembro passado, relatou a Folha.
Binho caiu da moto e quebrou o tornozelo. Conforme o relato de Binho, o carro então teria retornado e um atirador disparou três vezes contra o jornalista, que teria conseguido se proteger dos tiros. De acordo com o Agora São Paulo, horas depois Binho teria recebido uma mensagem no Facebook ameaçando que os próximos tiros seriam “no meio da cara para aprender a parar de ser falador”.
A investigação policial concluiu que Oliveira estava no volante e que Roque foi o autor dos disparos, reportou a Folha. A Polícia afirmou que Oliveira confessou que estava dirigindo o carro, alegando porém que abordou o jornalista na estrada de madrugada para conversar sobre um “assunto pessoal”. Ele nega que tenha havido disparos.
Em 19 de fevereiro, a prefeitura de Embu das Artes publicou nota de esclarecimento em seu site afirmando que “lamenta o ocorrido”. “Devido à repercussão na mídia como sendo um possível atentado contra a liberdade de imprensa, mesmo não constando no inquérito, e em respeito a todos os representantes da imprensa e reiterando seu apreço aos profissionais da categoria”, a prefeitura informou ter exonerado “o secretário adjunto de seu cargo até o encerramento do processo judicial.”
Segundo relato em vídeo de Binho ao site Jornalistas Livres, a mensagem recebida via Facebook com a ameaça de um novo ataque a tiros contra ele “concretizou que se tratava de um atentado”. Para o jornalista, suas reportagens e a cobertura do Verbo Online sobre a administração da cidade “incomodou o governo de Embu das Artes”.
Quando foi eleito, em outubro de 2016, o prefeito Ney Santos era investigado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico de drogas e ligação com organização criminosa, de acordo com a Agência Brasil. Em dezembro daquele ano, foi expedida uma ordem de prisão contra ele, que passou dois meses foragido. Santos tomou posse como prefeito em 12 de fevereiro de 2017, quase um mês e meio depois de seu vice assumir em seu lugar, graças a um habeas corpus obtido no Supremo Tribunal Federal.