Emissora continua com cinegrafistas amadores e agora quer comprar material jornalístico
Depois de meses de negociação, o Sindicato obteve, no dia 17 de junho passado, o compromisso do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) em não mais utilizar cinegrafistas amadores em reportagens jornalísticas. A emissora prometeu regularizar a situação até o dia 1º de julho. Entretanto, a empresa, que finalmente havia reconhecido o uso ilegal desse tipo de mão de obra, não cumpriu o acordo, e segue trabalhando com cerca de dez amadores por dia, pagando em torno de R$ 200 por pauta.
Segundo denúncias de profissionais que lá trabalham, os amadores são pautados pela chefia – em detrimento dos repórteres-cinematográficos contratados – e, muitas vezes, acompanhados dos produtores. A estimativa é que hoje, 70% do material visual da empresa sejam feitos pelos não-profissionais. Os amadores trabalham de forma precária e sem garantias, usando seu próprio equipamento.
Desde o final do ano passado, o Sindicato vem recebendo reiteradas denúncias sobre cinegrafistas amadores no SBT. “A utilização de trabalhadores não profissionais é exercício ilegal da profissão. O próximo passo é o Sindicato recorrer à Justiça do Trabalho para acabar com essa ilegalidade”, diz o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Paulo Zocchi.
SBT compra “casos jornalísticos”
Não bastasse o uso de profissionais de imagem sem registro adequado, o SBT lançou nos últimos dias a proposta de comprar “casos jornalísticos” por dez mil reais. Segundo anúncio da emissora, a iniciativa não se trata de um concurso.
“Atenção jornalistas de rádio, jornal ou televisão! O SBT está comprando, por dez mil reais, qualquer assunto que possa ser apresentado em nossos programas de televisão. Use seu nome ou pseudônimo. Não é concurso! É compra de casos jornalísticos”, anuncia a chamada que está sendo veiculada pela emissora.
O anúncio causou um furor no site nas redes sociais do SBT. “Tem que ser só jornalista? Não pode ser uma ideia para pautas?” e “Eu n intendo de jornal mas Eu gostaria de faser jornalista de carater [sic]”. “A compra de material jornalístico configura em grave erro ético. A produção jornalística audiovisual é um trabalho de equipe executada com apoio de pauteiro, produtor, cinegrafista, editor de texto e imagem. Quem vai fiscalizar a produção do material comprado?, questiona a diretora do SJSP, Telé Cardim.