Ricardo Kotscho, jornalista experiente e premiado, apresentou na última terça-feira (6), no encontro realizado no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, detalhes de sua experiência como Secretário de Imprensa do gabinete da Presidência da República em 2003 e 2004, durante o primeiro mandato do Presidente Lula.
Jovens profissionais, estudantes e jornalistas experientes assistiram sua palestra informal no auditório Vladimir Herzog, na sede do sindicato. Recebido pelo presidente Paulo Zocchi, Kotscho destacou seus 50 anos de filiação ao sindicato. “Este auditório e este sindicato estão vinculados na luta pela democracia no Brasil, contra a ditadura, contra a tortura e contra os crimes sem punição. O Sindicato dos Jornalistas continua a ser um símbolo da resistência”, afirmou Zocchi.
“Minha ficha do Sindicato data de 7 de março de 1969, digo a todos os jovens aqui presentes: é importante se filiar e garantir a atuação do sindicato na defesa da democracia e da liberdade na sociedade brasileira. O futuro dos nossos filhos e nossos netos está em jogo”, alertou Kotscho.
“Quando iniciei na profissão em 1964 não gostava da figura do assessor de imprensa, pois geralmente era a pessoa que escondia a informação”, disse Kotscho. “Tive grandes oportunidades na reportagem por todas as redações onde trabalhei. Meu contato com o PT teve início em 1994 quando participei das cinco caravanas com Lula pelo Brasil.” Na ocasião, consegui um ano de licença não remunerada do Jornal do Brasil, que era o melhor jornal do país, com o apoio do diretor de redação Ricardo Setti, grande jornalista que hoje vive no exterior.
Relembrou que, durante as campanhas políticas daquela época, foi adotado o formato da reportagem na qual o candidato Lula visitava os rincões do Brasil e comentava as soluções possíveis. Esse enfoque durou até o momento em que uma ação do então candidato José Serra proibiu imagens externas nas campanhas eleitorais.
Após a eleição em 2002, Kotscho rumou para Brasília e abriu as divisórias da antiga repartição de imprensa para criar o ambiente de redação, e criou editorias para atender a todo tipo de veículo.
“Minha atitude na assessoria de imprensa do governo foi a de tratar todo e qualquer jornalista da mesma forma. Porém, como cabe ao profissional assessor de imprensa, é fundamental identificar antes quem era cada jornalista e entender qual era a sua pauta, para evitar o erro”, aconselhou.
“A função essencial do assessor de imprensa e também a do jornalista é a de buscar a informação com honestidade, e não negar os fatos e demandas. O assessor deve ser uma ponte com a mídia”, salientou Kotscho.
Após responder várias perguntas sobre fatos marcantes no governo Lula, como o projeto de lei sobre a regulação econômica dos meios de comunicação, duramente criticado pela grande mídia; e sobre a expulsão do jornalista Larry Rohter, quando foi emitida uma nota oficial sem a prévia aprovação e gerou um forte desgaste, Ricardo Kotscho enfatizou que o momento atual do país requer a formação de uma frente ampla, como foi o movimento das Diretas Já. “Agora todos os ramos da sociedade civil comprometidos com a liberdade e com a preservação das reservas do país devem se unir na frente SOS Democracia.”
“Sinto muito orgulho de ser o primeiro brasileiro da minha família, que veio da Alemanha depois da 2ª. guerra. Sigamos em frente e pau na máquina!”
Comissão dos Jornalistas em Assessoria de Imprensa
O papel do assessor de imprensa na Presidência da República, por Ricardo Kotscho, foi mais uma atividade da Comissão Permanente e Aberta de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (CPAJAI), do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de S.Paulo. Fundada em 1984 e hoje coordenada por João Luiz Marques, esta comissão promoveu em maio o curso Gestão de Crise, com os professores Aurora Seles e Gilberto Lorenzon. O próximo tema será Programa de Estágios, por Franklin Valverde, em breve neste 2º semestre.