Em um mercado de trabalho profundamente precarizado, repórteres fotográficos chegam a receber por trabalhos publicados em diversos veículos, inclusive, na grande imprensa, a irrisória quantia de R$ 2,00 por foto, o que foi considerado em debate realizado na sede do Sindicato trabalho análogo ao da escravidão.
Organizada pela Arfoc (Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos) e pelo Sindicato dos Jornalistas o debate foi conduzido por Rubens Chiri, presidente da Arfoc; Paulo Zocchi, presidente do Sindicato e o Dr. Raphael Maia, assessor jurídico do Sindicato dos Jornalistas o encontro reuniu 35 repórteres fotográficos no dia 11/04.
Para o presidente da Arfoc , a categoria vive uma situação extrema. Em sua maioria, esses profissionais não têm vínculo empregatício, não são regidos pela CLT e sofrem a concorrência de fotos de divulgação de entidades, empresas, agências, inclusive da EBC que distribui as fotos gratuitamente .”A nossa profissão é importante, mas que seja digna” desabafou.
Chiri salientou a importância da aproximação com o Sindicato, já que os repórteres fotográficos são um segmento da categoria e necessitam do apoio jurídico e trabalhista.
Paulo Zocchi destacou que os repórteres fotográficos tem um grande desafio, já que é um segmento que sofre grande pressão pela desregulamentação. Situação que também enfrentam os demais jornalistas com a tentativa das empresas de dar marcha a ré nos direitos trabalhistas e contratar sem vínculo empregatício. O presidente do Sindicato manifestou apoio total ao segmento dos repórteres fotográficos e colocou o setor jurídico do Sindicato à disposição, em especial, para ações trabalhistas individuais.
As dúvidas foram esclarecidas pelo Dr. Raphael Maia, entre elas sobre o pagamento a pessoa física que poderia dar motivo a ações na justiça do trabalho. Outras medidas podem ser tomadas, como denúncias junto ao Ministério Público do Trabalho, reunião com empresas, clubes e entidades que enviam fotos gratuitas para divulgação destinadas à grande imprensa que , portanto, pode pagar bem o profissional.
Os repórteres presentes informaram que a exploração se agravou com as agências intermediárias que vendem as fotos para as grandes agências, como as do jornal O Estado, Folha de São Paulo e O Globo,entre outras.
Paulo Zocchi afirmou que esse é um começo de debate para valorizar a profissão do repórter fotográfico, com objetivo de fazer com que as empresas remunerem o profissional com dignidade. Ao final foi eleita uma comissão integrada por nove profissionais e coordenada por Rubens Chiri para encaminhar as demandas dos presentes.
Propostas apresentadas:
-Organizar uma campanha de defesa do trabalho do repórter fotográfico
-Levantar a situação das agências
-Discutir ações contra a cessão gratuita de fotografias para veículos comerciais.
-Formular reivindicações para convenções coletivas
Foi marcada nova reunião do segmento para dentro de um mês.
Texto de Vilma Amaro e foto de Vitor Ribeiro