A Regional Campinas do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) manifesta publicamente sua preocupação com relação à censura ao trabalho e o cerceamento à liberdade de expressão praticados pelo Guarani Futebol Clube contra os jornalistas Washington Mello, Elias Aredes Junior e Alberto César – trabalhadores que exercem suas atividades na Rádio Central e, no caso de Elias, também no jornal Todo Dia.
Segundo informações dos profissionais, o presidente do Guarani, Horley Senna, proibiu-os de exercerem seu ofício nas dependências do clube, e enviou carta à direção do jornal Todo Dia pedindo a saída de Elias. Tentamos, sem sucesso, durante a manhã de hoje, contato telefônico com a assessoria de imprensa do Guarani para obter informações sobre o motivo da atitude, pois trata-se de um claro atentado à liberdade de expressão.
Preceito notável – resultante da grande luta da sociedade brasileira em busca de seus direitos fundamentais – está prevista em nossa Constituição Federal, nos incisos IV (é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato) e IX (é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença) do artigo 5°, e no caput (A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição) e no parágrafo 2° (É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística) do artigo 220.
Também o Código de Ética do Jornalista Brasileiro, em seu artigo 2°, afirma que “o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse”. No inciso V, orienta que “a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade (…)”.
Com relação à correspondência encaminhada ao jornal Todo Dia, o Sindicato está verificando quais providências jurídicas podem ser tomadas no sentido de impedir uma prática que busca intimidar e constranger o jornalista em seu local de trabalho.
Ratificamos as palavras de Elias ao questionar que “a censura, a retaliação e a mordaça sejam o caminho para a reconstrução do Guarani”, por considerarmos que o diálogo e as liberdades democráticas são o melhor caminho para a construção de uma sociedade mais justa.
Afirmamos nossa total solidariedade aos jornalistas agredidos no exercício da profissão e conclamamos todos os profissionais de imprensa, em especial aqueles que trabalham com jornalismo esportivo, a também manifestarem sua indignação com a atitude do Guarani e o seu apoio aos profissionais atacados e ofendidos no exercício legal de seu ofício.
Texto da regional Campinas