Colegas
O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, em seu Art. 2º, define o acesso à informação de relevante interesse público como direito fundamental, sendo que os jornalistas não podem admitir sua mitigação por qualquer interesse. O referido documento, aprovado em Congresso Brasileiro dos Jornalistas, aponta, ainda:
I – a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica – se pública, estatal ou privada – e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.
II – a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;
III – a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão;
IV – a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as não-governamentais, é uma obrigação social.
V – a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.
Os atos antidemocráticos promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro têm sido considerados de interesse público e, consequentemente, recebem ampla cobertura jornalística, o que se pode explicar dentro de critérios técnico-profissionais e éticos. No entanto, o tratamento às manifestações em protesto contra o presidente, substantivamente maiores e promovidas por entidades de oposição no último dia 29 de maio, não receberam tratamento sequer como informação de interesse público ou, quando cobertas, foram de forma tímida em termos de centimetragem e tempo.
Diante do exposto, recomendamos que os jornalistas da base territorial no estado de São Paulo planejem, executem e, se necessário, reivindiquem de suas chefias o tratamento adequado na cobertura dos atos opositores marcados para o próximo sábado, dia 19 de junho, em respeito à ética de nossa profissão.
Comissão de Ética de Jornalismo de São Paulo
Formada por: Fabio Venturini, Franklin Valverde, Joel Scala, Rodrigo Ratier e Rose Nogueira.