Teve início nesta segunda-feira (12), o processo de restauração do quadro “25 de Outubro”, de autoria de Elifas Andreato, que retrata a tortura e morte de Vladimir Herzog, jornalista assassinado em 1975 pela ditadura militar. Todo o processo de restauro deve durar cerca de 90 dias.
A obra passará por uma renovação pela primeira vez em sua história. O responsável por esta tarefa será o restaurador José Rodrigues Paiva Neto, que já recuperou grandes obras no Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP).
O quadro que pertence ao Sindicato dos Jornalistas desde 1981, vem sofrendo com o desgaste provocado pelo tempo e ação de cupins, principalmente porque a tela foi originalmente colada em uma estrutura de madeira, que acabou atacada por cupins.
Segundo o restaurador José Paiva, a madeira acaba trazendo alterações na temperatura do quadro. “A camada pictórica da tela está intacta, mas a madeira obrigou a tela a se adequar às modificações climáticas. Os cupins que atacam o madeiramento poderiam danificar a tela”, disse o restaurador.
Agora a tela deve passar por um processo longo e minucioso para sua restauração. “A madeira será retirada lasca por lasca, até chegar a um ponto que chamamos de tela por tela e passar por reentelamento. Depois de pronta, a tela ficará como se fosse recentemente pintada”, disse Paiva.
José Paiva irá restaurar a obra de valor inestimável, que simboliza a luta pela volta da democracia e da liberdade de imprensa. O quadro é um marco para o Sindicato e a sociedade brasileira, pois foi recebido logo após a morte de Vladimir Herzog, durante os anos de repressão da ditadura militar em 1975. Elifas afirma que o quadro representa Vlado morto em uma câmara de tortura.
“Representa a satisfação de um trabalho restaurar um quadro tão importante. Na minha profissão, a maior preocupação é de a imagem ficar como ela foi concebida”, comenta Paiva.
Elifas Andreato ao pintar “25 de Outubro” usou a técnica tinta acrílica sobre tela. A obra tem as dimensões de 90X90 cm. Ela também fez parte da exposição “Elifas Andreato – As cores da resistência”.
O Sindicato fará o acompanhamento da restauração e informará aos seus associados quando o quadro voltará ao auditório da entidade.
Legenda: Restaurador retira quadro do auditório do Sindicato
Foto: André Freire