Feliz retorno! Após 68 dias de restauro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) recebeu nesta sexta-feira (20) a devolução do quadro “25 de Outubro”, de autoria de Elifas Andreato. A obra, que está na entidade desde 1981, sofria com o desgaste provocado pelo tempo e pela ação de cupins, pois estava afixada a uma estrutura de madeira, motivo pelo qual necessitou passar pela recuperação.
O quadro, de valor inestimável para os jornalistas, retrata a tortura e morte de Vladimir Herzog, jornalista assassinado em 1975 pela ditadura militar. Essa foi a primeira vez que o quadro passou por esse processo, realizado pelo restaurador José Rodrigues Paiva Neto, que recuperou grandes obras no Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP).
No Dia do Jornalista, próximo 07 de abril, o Sindicato pretende realizar, entre outras atividades, um evento para convidar o autor da pintura, membros da diretoria do Instituto Vladimir Herzog, familiares de Vlado, amigos, colegas de profissão, diretores, ex-diretores do SJSP e o restaurador, para fazer uma grande celebração para entronizar o quadro.
Processo de restauração
Segundo o relatório de restauração, apesar da quantidade de cupins, a obra estava em boas condições, principalmente por ter em seu verso um tecido colado entre o quadro e a moldura de madeira, permitindo dessa forma, a proteção durante intervenção do restaurador.
O primeiro passo foi retirar a estrutura de madeira infectada com cupins. Logo depois a pintura foi protegida com papel silicone e descolada do suporte. Por meio de luminária colocada no verso da obra, foram constatados pequenos orifícios e um rasgo, que foram recobertos, obturados e nivelados.
No final, foi feito um reforço nas bordas com faixas de tecido linho e a fixação da pintura em um novo chassi. Esta técnica é utilizada em obras contemporâneas onde o tecido apresenta bom estado.
Elifas Andreato, ao pintar “25 de Outubro”, usou a técnica tinta acrílica sobre tela. A obra tem as dimensões de 90X90 cm, e é um marco para o Sindicato e a sociedade brasileira, pois foi concebido logo após a morte de Vladimir Herzog, durante os anos de repressão da ditadura militar em 1975. Elifas afirma que o quadro representa Vlado morto em uma câmara de tortura.
Foto: André Freire/SJSP