O Bloco carnavalesco “Me bate que eu sou jornalista”, que se organizou pelas redes sociais, reuniu cerca de 150 pessoas na noite de quarta-feira (05/03), na Avenida Angélica, em São Paulo, ao lado da sede do 7º batalhão da Polícia Militar. O objetivo do grupo foi protestar de forma bem-humorada contra a violência da PM que atingiu os jornalistas que cobriram as manifestações populares. O Bloco circulou pelo quarteirão e chegou a parar em frente ao batalhão da PM. Pelo menos desta vez não houve repressão ou agressões.
A iniciativa chegou a ser anunciada durante a plenária organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), no dia 28 de fevereiro (antes do carnaval) que debateu ações contra a violência aos jornalistas, mas não obteve consenso entre os participantes. A posição oficial do encontro foi que os profissionais de comunicação não aceitarão qualquer identificação fornecida pelo Comando da Polícia Militar. Segundo os presentes, a única hipótese aceitável seria a apresentação da carteira de identidade profissional, se necessário. Quanto ao uso de equipamentos de segurança, ficou acertado que ele será opcional e que devem ser fornecidos pelas empresas de comunicação. Veja abaixo a integra das resoluções.
As agressões: Desde junho de 2013, a violência vem crescendo e uma onda de agressões, por parte da Polícia Militar (PM), contra os profissionais de imprensa se instaurou em São Paulo. O episódio mais recente foi registrado no dia 22/02, durante manifestação contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, quando mais 19 jornalistas foram vítimas da violência policial.
Com estes, chegam a 62 os casos de agressões e detenções de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas cometidos por policiais militares desde junho de 2013, em São Paulo. Dessas ocorrências, a maioria foi deliberada, ou seja, o jornalista identificou-se como tal e mesmo assim foi agredido ou detido. O caso mais grave provocou a perda de um dos olhos de um fotógrafo atingido por uma bala de borracha. Recentemente, o cinegrafista Santiago Andrade foi morto depois de ser atingido por um rojão lançado por manifestantes durante protesto no Rio de Janeio.
Deliberação da Plenária São Paulo – 28 de fevereiro de 2014
A identificação prévia dos jornalistas para atuar em manifestações públicas não é aceitável, pois fere o direito de livre exercício profissional e de liberdade de imprensa. Oficialmente, a única identificação aceitável é o registro profissional (MTB), o que não se confunde com o direito de livre expressão e de registrar individualmente os fatos, prerrogativa de todo cidadão.No entanto, em zonas de conflito, o jornalista pode usar equipamento de proteção com identificação.
SJSP e ARFOC