Neste 25 de novembro, celebramos o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, data que se une aos 16 dias de ativismo no novembro dedicado, sobretudo, ao combate ao racismo e outras formas de desrespeito à dignidade humana. A violência contra mulher está em casa, na rua e muitas vezes nos locais de trabalho, e nós da Comissão de Mulheres da FENAJ desejamos nos unir a todas as trabalhadoras das plataformas de comunicação que, em meio à crise de diminuição de postos de trabalhos, salários cada vez mais baixos, precarização de estruturas e outras perdas trabalhistas, historicamente necessitam lidar cotidianamente com situações de assédio moral e sexual na sua atividade profissional.
A partir do ingresso da mulher no mercado de trabalho, vários aspectos dessa discriminação por gênero têm se manifestado. Elas recebem salários menores que os dos colegas homens. Ainda que sejam, na maioria das vezes, mais escolarizadas que eles, têm menores oportunidades de conseguir emprego, são as primeiras a entrar nas listas de demissão quando há cortes nas empresas e, por fim, são as maiores vítimas do que a legislação denomina “assédio sexual”. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), em todo mundo, 52% das mulheres economicamente ativas já sofreram assédio sexual.
As profissionais de jornalismo, 64% dos trabalhadores do ramo, sofrem diversos tipos de violência no mundo do trabalho. Os assédios moral e sexual são as facetas mais visíveis destas agressões, tendo mulheres, sobretudo as negras, como as mais atingidas.
Embora ainda tenhamos dificuldade em estabelecer dados específicos, convivemos com as experiências vividas e relatadas pelas profissionais do jornalismo, como as diferenças significativas na remuneração oferecida a mulheres que ocupam os mesmos cargos que homens. Por outro lado, mulheres estão fora dos postos de direção em praticamente todas as plataformas de mídia do país.
Se não bastasse essa invisibilidade e negativa de acesso aos espaços de comando e tomada de decisões, as mulheres passam por situações como conviver com linguagem sexista em suas rotinas de trabalho. São piadas de cunho vexatório, misógino, racista e muitas vezes a coação e as pressões geram instabilidade e problemas de saúde que não são relatados por vergonha ou medo de perder o trabalho mesmo em ambiente precarizado.
Além da violência nos locais de trabalho, devemos combater todo e qualquer tipo de postura agressiva contra as mulheres. Estas ações desumanizadoras, nascidas no ódio continuado por nossa condição de mulher, matam, como mostram os dados de feminicídio. A mídia tem papel fundamental nesta luta e, como mulheres e profissionais de comunicação, devemos refletir sobre a necessidade de estratégias para superarmos todas as formas de agressão e exclusão e também nos solidarizar para o enfrentamento à violência a partir da nossa produção nas redações, nas assessorias de comunicação e na elaboração de conteúdos para as diferentes plataformas.
Quanto mais pessoas conhecerem os dados e os fatos em relação à violência contra mulher, mais a gente combate esta desigualdade. O nosso engajamento na defesa de direitos pode evitar que mais mulheres sejam vítimas de qualquer tipo de violência.
Precisamos urgentemente encontrar formas de criar redes de apoio e solidariedade às vítimas para que se quebre o silêncio sobre estas violências também entre nós jornalistas que sempre cumprimos o dever de denunciar todas as formas de preconceito, discriminação e abusos contra a dignidade humana. É necessário que o façamos também no ambiente em que precisamos de estabilidade para cumprir esta determinação do nosso compromisso ético e profissional.
Assim, neste novembro de lutas, especialmente no dia 25, queremos conclamar todas as trabalhadoras dos vários campos de comunicação a começar a sensibilização contra as práticas que nos violentam. Queremos nos somar ao lema de que não podemos deixar nenhuma de nós para trás ou sozinha.
Comissão de Mulheres da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas)