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Polícia Militar: truculência contra os jornalistas nas ruas e nas redações

Polícia Militar: truculência contra os jornalistas nas ruas e nas redações

Em nota, Sindicato repudia perseguição da PM ao jornalista Luís Adorno, do UOL, por noticiar apenas o que disse o comandante da Rota

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo repudia mais uma expressão da truculência da Polícia Militar de São Paulo contra o trabalho da imprensa, que desta vez tem como alvo o repórter Luís Adorno, do portal UOL (Universo Online).

Em entrevista concedida ao jornalista, publicada na Folha de S.Paulo, em 24 de agosto, o novo comandante da Rota, tenente-coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, assumiu abertamente o que a população paulista constata há muito anos – a existência de uma “abordagem diferenciada” da PM para tratar as pessoas moradoras da periferia e outra para as que são de áreas nobres da capital. O comandante afirmou, simplesmente, com todas as letras: “É outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem de ser diferente”.

Como se não bastasse a gravidade da afirmação feita pelo comandante da Rota, o jornalista, que cumpriu seu exercício profissional noticiando o fato de forma totalmente correta, agora é alvo de tentativa de intimidação por meio de um vídeo agressivo e difamatório divulgado por uma pessoa nomeada Sargento Alexandre em rede social.

No vídeo, o policial militar xinga o repórter e tenta explicar o inexplicável. Em sua fala de mais de três minutos, não faz uma única contestação direta ao texto do repórter. Na verdade, desenvolve o próprio raciocínio do comandante: como a própria PM admite, há o uso de palavras, gírias e expressões distintas quando os policiais abordam pessoas de diferentes classes sociais. O que passa, para além da linguagem, é que as pessoas mais pobres não são merecedoras do tratamento educado destinado aos moradores de regiões mais abastadas.

Na mesma postagem, Adorno também é alvo de comentário leviano e preconceituoso publicado por Emerson Massera, assessor de imprensa da PM. Ele afirma que o jornalista “causa constrangimento para os próprios colegas. Vários jornalistas comentam sobre a incapacidade dele de entender as coisas, além do português sofrível”. Com esta mensagem desqualificada, Massera deixa claro que esqueceu os princípios básicos do jornalismo e mostra que certamente desconhece o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.

As duas manifestações se caracterizam como tentativa de censura, de ataque à liberdade de imprensa. A agressão ao jornalista ocorre não porque distorceu qualquer coisa dita pelo comandante da Rota, mas pela repercussão negativa causada pelas palavras do oficial.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo luta contra a violência e a repressão policial sofridos pelos profissionais na cobertura jornalística de protestos e manifestações. Trata-se de um  embate, ainda mais agudo nestes tempos sombrios de golpe à democracia e de ameaças à liberdade de expressão.

O Sindicato dos Jornalistas se solidariza com o repórter Luís Adorno e se coloca à disposição para prestar todo o apoio necessário ao profissional.

Assim como não nos calamos diante dos horrores da ditadura, não é agora que vamos nos silenciar diante de mais uma tentativa de se impedir o trabalho essencial dos jornalistas à sociedade brasileira.

São Paulo, 31 de agosto de 2017

Direção – Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo

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