Desde 2010, as redações de jornais e revistas, em todo o estado, foram reduzidas em 58,5%. Eram 4.281 jornalistas contratados neste segmento há 11 anos, enquanto em 2019 eram apenas 1.777 profissionais.
A retração no setor também se deu sobre os salários: a remuneração média apresentou perda real de 11%. Em 2019, essa média foi de R$ 6.883,59. “Já a massa salarial encolheu 63% em termos reais, no período, acompanhando o movimento de intensa queda do nível de emprego e, consequentemente, redução da folha de pagamentos das empresas”, afirma o levantamento do Dieese.
No mesmo período, a base de jornalistas em empresas de rádio e TV cresceu 29,3%, tendo chegado a 3.314 profissionais em 2019, ano em que a remuneração média foi de R$ 9.460,00.
Neste segmento, a massa salarial aumentou 39,9% em termos reais, já que o nível de emprego subiu, e a remuneração média teve ganho real de 8,2% (observação: isso não é equivalente a dizer que houve ganho real no conjunto dos salários dos jornalistas, já que nas negociações entre sindicatos dos trabalhadores e das empresas, há perda no período de 4,5%; a remuneração média leva em consideração o total de valores recebidos, o que vai além do salário-base, e é influenciada caso parte dos profissionais tenha recebido promoções ou tenha sido contratada por valores altos).
Estes gráficos que caminham em sentidos opostos mostram que as emissoras de rádio e TV mantiveram sua robustez frente à crise econômica, que se apresenta de forma aguda no setor de jornais e revistas, decorrente da forte presença de gigantes da tecnologia digital como Google e Facebook no mercado publicitário.
Como a edição passada do Unidade mostrou, enquanto a fatia da verba publicitária drenada pela big techs subiu drasticamente, a fatia de jornais e revistas caiu e a de rádios e TV abertas se manteve mais ou menos parada. Tudo indica, essa situação econômica tem consequências fundamentais sobre o emprego e a renda dos jornalistas.
O Sindicato dos Jornalistas afirma reiteradamente às empresas que, ao cortar o emprego e a renda daqueles que produzem a notícia, o efeito é o de desinvestir no próprio produto oferecido.
Ao contrário, investir nos jornalistas significaria reforçar a relevância dos jornais e reconquistar ou manter o interesse do leitor pagante. E, junto com a Fenaj, propõe às empresas e à sociedade a necessidade de taxação das multinacionais digitais, com a criação de um fundo público de fomento ao jornalismo.
Movimentação do emprego durante a pandemia
A relação entre novas admissões e demissões, ao longo dos meses de janeiro e outubro de 2020, obtida a partir dos dados do Novo Caged 2020, permite uma avaliação inicial sobre o impacto da pandemia do novo coronavírus no emprego dos profissionais do jornalismo. E o que os resultados mostram é que a redução de postos de trabalho continua: são 271 a menos.
O impacto maior é no interior, com saldo negativo de 189 jornalistas, no segmento que já tinha um universo menor (eram 5.161 em 2019, enquanto na capital o número era de 8.988). Cabe notar que também a remuneração média do interior é menor, com R$ 4.578, ante R$ 7.941 na capital.
Mesmo frente à pandemia, o setor de rádio e TV segue preservado, inclusive tendo gerado 70 novos emprego, enquanto o de jornais e revistas, apresentou perda geral de 160 vínculos.