O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) expressa grande preocupação com a escalada de violência que nas últimas horas provocou a morte de centenas de civis palestinos e israelenses.
O imediato cessar-fogo e a abertura de negociações de paz que de fato sejam isonômicas e atendam a autoderminação dos povos da região devem ser uma prioridade imediata, reivindicadas enfaticamente por todas e todos que lutam pela construção da paz e da efetiva solidariedade humana.
Neste sentido, não podemos deixar de reconhecer a sistemática violência e a cotidiana opressão cometidas pelo Estado de Israel contra as populações palestinas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Israel continua a expandir-se sobre terras da Palestina, apesar de haver sofrido dezenas de condenações da ONU, que jamais cumpriu. O confinamento de 2 milhões de seres humanos em um território de apenas 365 km² e cada vez mais asfixiado, seja pelo bloqueio militar de Israel seja pelo avanço de assentamentos que desconsideram os direitos históricos do povo palestino, é inadmissível e não pode ser normalizado.
Todas as mortes deste conflito devem ser lamentadas, em especial as ocorridas nas populações civis. As recentes movimentações das Forças Armadas de Israel — brutal bombardeio de Gaza; bloqueio total de água, alimentos e energia; e preparação de possível invasão por terra — explicitam um cenário sombrio: milhões de civis estão em risco iminente de sofrerem uma hecatombe nunca antes vista.
O SJSP também vê com muita apreensão as condições de segurança às quais se submetem jornalistas que cobrem o conflito. Jornalistas palestinos e de outros países historicamente têm sido alvos das Forças Armadas de Israel. É necessário que quaisquer profissionais de imprensa consigam exercer o seu trabalho com segurança, não sendo aceitável que se tornem alvos militares ou sofram qualquer tipo de impedimento para realizar a cobertura do conflito.
Por fim, convidamos a nossa categoria a refletir quanto aos olhares jornalísticos necessários à realização desta cobertura. Sabemos o quão poderosa é a agenda de interesses das potências globais, que incidem no debate público impondo um discurso unificado que parece ser a única verdade possível. Mas também sabemos que é nosso papel ouvir e dar voz aos diferentes lados que ajudam a compor a realidade. Nem sempre é um trabalho fácil, mas é necessário para fortalecer o debate público, ao invés de reforçar os lugares-comuns e as visões maniqueístas da História. Portanto, é indispensável abrir espaço nos noticiários aos representantes da Palestina.
São Paulo, 9 de outubro de 2023
Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo