A praça de guerra em que a Polícia Militar transformou ruas, praças e avenidas do centro de São Paulo nas manifestações legítimas contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô na capital paulista, realizadas na semana passada, feriu de morte vários direitos constitucionais e fez sangrar conquistas como a cidadania, a democracia, a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa.
Em meio a milhares de pessoas, o cenário de ataque indiscriminado atingiu manifestantes, população e profissionais de imprensa em uma sequencia irracional de agressões físicas ao som de bombas de efeito moral, estampidos de balas de borracha, marcas de cassetetes, dor e lágrimas de spray de pimenta. Ao final, o caminho levou a prisões também indiscriminadas e arbitrárias.
Certamente que a ordem dessa truculência – que faz lembrar os tempos da ditadura militar – vem de cima a partir de um governo estadual pouco disposto à negociação e que, através de declarações públicas, incentiva seus comandados a agir contra quaisquer protestos e manifestações populares. Governo, aliás, que adota uma política de criminalização dos movimentos sindical e social, herança dos regimes autoritários.
O resultado de tanta violência e repressão vitimou também jornalistas em pleno exercício profissional. Levantamento parcial aponta mais de 20 profissionais agredidos, feridos e hospitalizados, inclusive um que corre grande risco de perder a visão.
Como entidade de classe legítima e representativa da categoria, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) protestou contra a truculência, exigiu a libertação de profissionais de imprensa detidos e encaminhou ofícios às autoridades competentes, entre as quais Secretaria de Segurança Pública, Tribunal de Justiça, Ouvidoria das Polícias, Corregedoria das Polícias Civil e Militar, Comandos da PM e CG, além do governador de SP.
Mais do que reivindicar a garantia à integridade física e o respeito ao trabalho dos jornalistas na cobertura das manifestações, o SJSP exige também a apuração rigorosa da violência policial, a condenação dos responsáveis pela repressão arbitrária e o acompanhamento da entidade na sindicância aberta pelo governo de SP.
Em defesa da vida dos jornalistas, da prática do bom jornalismo, das liberdades de imprensa e de expressão e da jovem democracia brasileira.
São Paulo, 17 de junho de 2013.
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Federação Nacional dos Jornalistas – Fenaj
Central Única dos Trabalhadores – CUT/SP