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Patrões pioram proposta na 12ª rodada de negociação de Rádio e TV

Patrões pioram proposta na 12ª rodada de negociação de Rádio e TV

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Empresas de rádio e TV pioram a proposta

Os patrões de rádio e TV pioraram sua proposta de Convenção Coletiva para os jornalistas na 12ª Rodada de Negociação, realizada na terça-feira, 16 de março. Mantiveram a proposta de reajuste de 6% nos salários, mas, em vez de parcelar as diferenças (retroativas a 1º/12/2015) em três vezes a partir de julho, propõem parcelar em cinco vezes (de julho a novembro). Na penúltima rodada, uma semana antes, os jornalistas haviam tentado avançar na negociação fazendo a proposta de 8% de reajuste em março, 2,75% em abril (totalizando 10,97%, ou seja, a inflação). Em sua resposta, as empresas mostram que sua intransigência permanece, e endurecem o jogo.

Na mesa, a resposta da bancada de negociação foi a seguinte:

“O negociador patronal, na rodada anterior, explicou o impasse nas negociações, contestando a fala da bancada dos jornalistas, dizendo basicamente duas coisas: que as empresas não mantêm bom desempenho econômico, ao contrário do que afirma a bancada dos trabalhadores; e que a melhoria da proposta de reajuste de 5% para 6% não tem relação com a taxa de inflação apurada em dezembro, mas sim com o que as empresas podem pagar. Nós contestamos essa explicação, e apontamos o impasse em função do seguinte: o Sindicato patronal descarta seguidamente todos os dados que vamos apresentando sobre o desempenho das empresas, e também não aceita negociar a partir de um dado de domínio público e uso amplo: o índice de inflação. Ao fazer isso, descarta qualquer parâmetro comum para que se possa negociar. A categoria “o que as empresas podem pagar” é o mesmo que “os que as empresas querem pagar”. É uma manifestação do desejo das empresas, que se transforma numa posição de força. Por quê? Porque nas relações de trabalho o empregador está em posição de força diante de seu empregado, já que suas posições se impõem a partir da hierarquia da empresa, que tem no topo o dono da empresa. Essa posição das empresas, de não aceitar negociar a partir de nenhum parâmetro comum, dá base para o nosso pedido, já feito, de mútuo acordo para que qualquer das partes, se quiser, entre com o dissídio judicial.

Em relação ao desempenho das empresas, novos dados foram divulgados nos últimos dias. Claro, todos sabemos que vivemos uma crise econômica e que, em 2015, o PIB brasileiro encolheu em 3,8%. Mas não podemos aceitar que as empresas usem a crise como simples pretexto para achatar em 5% nossos salários reais. Tudo indica que as empresas mantiveram suas margens de lucro, com base em ajustes internos – que ampliaram a produtividade do trabalho –, e se mantêm saudáveis, a despeito da crise. Pelos dados da Kantar Ibope Media, o mercado publicitário brasileiro cresceu 9% em termos nominais em 2015, com seu faturamento total passando de R$ 121 bilhões no ano anterior para R$ 132 bilhões. Houve crescimento na área de rádio e TV. A TV por assinatura viu seu faturamento crescer incríveis 32%, ultrapassando R$ 15 bilhões em 2015. No total, o setor de TV cresceu 7,8%, chegando a R$ 91,97 bilhões. Em rádio, o crescimento foi de 1,7%, chegando a um faturamento de R$ 5,2 bilhões no ano. Considerando-se as medidas de redução de custos, os números mostram que o setor tem plenos condições de dar a reposição integral da inflação nos salários, abrindo a via para que se negocie um acordo para a nova Convenção Coletiva.

Esse cenário é reforçado pelos dados do World Advertising Reseach Center relativos aos 12 maiores mercados publicitários do mundo, incluindo o Brasil. O que se aponta é uma expectativa de que, apesar das dificuldades econômicas globais, haja um crescimento real de 1,2% a 2,4% no faturamento publicitário em 2016. Prevê-se que os negócios do setor serão impulsionados por dois grandes acontecimentos globais: as eleições nos Estados Unidos e as Olimpíadas. Entre os 12 mercados, espera-se que o Brasil tenha o segundo melhor desempenho, com 7% de crescimento real do faturamento (ou seja, acima da inflação), impulsionado sobretudo pelos Jogos Olímpicos. Somando-se essa pesquisa às notícias de que houve um grande crescimento da audiência das TVs abertas neste início de 2016, têm-se fechado uma boa perspectiva para os negócios do setor neste ano.

O Sindicato dos Jornalistas negocia, desde o início, com a maior abertura para que se chegue a um acordo que satisfaça os trabalhadores. Temos justos motivos para reivindicar aumento real, sobretudo o crescimento da produtividade em 2015 (e sempre considerando que essa questão ficou pendente, para nós, no acordo passado), mas focamos nossa negociação na busca mínima de reajuste pela inflação, retroativa à data-base. Na última rodada, fizemos uma proposta que indica um acordo possível: 8% em março, 2,75% em abril e os retroativos pagos em maio. A resposta patronal a essa disposição é afastar o acordo, piorando as condições antes propostas.

Querem nos pressionar afirmando que há inúmeros acordos com reajustes abaixo da inflação. O levantamento a esse respeito, feito pelo Dieese, ainda não está concluído para o segundo semestre de 2015. Mas já podemos adiantar o seguinte: quando se fala de reajustes abaixo da inflação, mesmo nesta crise, não chegam a um quinto do total de acordos. Mesmo assim, mais de 90% destes são muito pouco abaixo da inflação, em geral uma fração de ponto percentual. Na pesquisa da Fipe de reajustes salariais no segundo semestre de 2015, os reajustes reais pela mediana indica que a grande maioria dos setores obteve reajuste real, mostra o setor de comunicações conseguindo a reposição da inflação e, abaixo disso, apenas os trabalhadores ‘inorganizados’ e os setores ligados a combustíveis fósseis e orgânicos – que enfrenta grandes dificuldades, diferentemente do setor de rádio e TV. Sendo assim, insistimos novamente que não há motivos plausíveis para que as empresas mantenham-se numa posição intransigente de tentar reduzir nosso salário real.

Por isso, renovamos a proposta de que as partes concordem com o mútuo acordo para a instauração de dissídio judicial, sempre manifestando nosso desejo maior, que é o de fazer o acordo diretamente, desde que atendendo a condições mínimas. Em função disso, manifestamos nossa disposição de voltar à mesa de negociação na próxima terça-feira, 22 de março.”

Novamente, os patrões registraram sua negativa de, mesmo diante do impasse estabelecido, assinar o mútuo acordo.

Assim, temos mais estes dias para conversar nas redações sobre o que fazer, para voltarmos à mesa na próxima semana. Naturalmente, as possibilidades ligadas ao dissídio – como fazê-lo mesmo sem mútuo acordo, ou suscitar um dissídio de greve – estão no coração destes debates.

Assista ao relato do presidente do SJSP, Paulo Zocchi, em vídeo, clicando na imagem acima.

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