Jornalistas do Interior, Litoral e Grande São Paulo votam em plebiscito já nos dias 19 e 20 de novembro
Após mais de cinco meses da data-base e de intensas reuniões de negociação, os jornalistas empregados em Jornais e Revistas do Interior, Litoral e Grande São Paulo voltam a plebiscito para avaliar a nova proposta patronal, apresentada na última rodada negocial ocorrida no dia 18 de novembro. Ele acontece já nos dias 19 e 20 de novembro. No plebiscito anterior, ocorrido em outubro, mais de 90% da categoria rejeitou os índices apresentados na mesa de negociação.
Nela, os patrões formalizaram a seguinte proposta:
– reajuste de 6% nos salários, retroativo a 1º de junho, e recomposição da inflação (8,76%) a partir de janeiro de 2016, com reajuste suplementar de mais 2,604%.
– reajuste das cláusulas econômicas (vale-refeição, auxílio-creche e demais) com base nos mesmos percentuais e PLR no valor de R$ 955.
– pagamento das diferenças relativas aos meses de junho a outubro de 2015 em até 5 parcelas iguais, a partir de janeiro de 2016.
– em caso de demissão, indenização adicional de R$ 900. Para as ocorridas até 31 de outubro de 2015, o pagamento das diferenças e da indenização deve ser feito até 5 de fevereiro de 2016. Para demitidos a partir de 1º/11/2015, pagamento junto com as verbas rescisórias.
OBS: Na negociação, o pagamento da indenização adicional de R$ 900 visa compensar jornalistas demitidos pela falta dos 2,6% de reajuste entre junho e dezembro.
Passo a passo da negociação
Para chegar aos números atuais, houve uma intensa negociação. Na primeira, apresentada em junho, o reajuste total era de 4,5%, rejeitada liminarmente na mesa de negociação. Em seguida, propuseram cortar a PLR para R$ 500 como condição para ampliar o reajuste. Com o andamento das negociações, e a determinação da categoria em exigir a recomposição dos salários, fizeram a proposta de 4,5% de reajuste de junho a dezembro, com a recomposição da inflação em janeiro. Essa proposta foi rejeitada por maioria esmagadora nas urnas pela categoria. Agora, chega-se à proposta que vai novamente a plebiscito.
José Eduardo, dirigente do SJSP, Secretário do Interior Litoral e Grande São Paulo, destaca que a persistência e a firmeza da categoria, rejeitando as propostas anteriores, conseguiu avanços diante da intransigência patronal, que insistia em rebaixar os salários. “A nova proposta é, nesse momento, o acordo possível diante as circunstâncias desse momento econômico difícil, embora a crise não seja tão grave como os representantes dos patrões apresentam na mesa”, concluiu.
Para Paulo Zocchi, presidente do SJSP, o resultado está aquém das demandas da categoria, pois as empresas de comunicação poderiam assegurar a correção plena dos salários de acordo com a inflação e dar garantia de emprego, com base na desoneração tributária que gozam desde janeiro de 2014. “Ainda assim, Sindicato e categoria têm enfrentado um cenário difícil, com demissões e ampliação da pressão no trabalho.”
Ao recompor a inflação nominalmente em janeiro próximo, com o reajuste total de 8,76%, o acordo permite zerar as perdas na próxima data-base. Além disso, a indenização a eventuais demitidos coíbe demissões e, caso aconteçam pontualmente, garante ao jornalista que não sofra a perda inflacionária.
Para a direção do SJSP, deveríamos em 2016 antecipar as mobilizações da próxima campanha salarial. “Queremos antecipar os debates com a categoria e entregar a pauta de negociação com antecedência, afim de que as negociações aconteçam já em maio, e quem sabe possamos fechar a campanha bem mais cedo que nos anos anteriores”, destacou José Eduardo.