Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo
Logo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo
Logo da Federação Internacional de Jornalistas
Logo da Central Única dos Trabalhadores
Logo da Federação Nacional de Jornalistas

Para jornalista, Curitiba mostrou que reação contra a situação do país é cada vez mais ampla

Para jornalista, Curitiba mostrou que reação contra a situação do país é cada vez mais ampla


“Independentemente de quantas pessoas foram, é uma mobilização inédita no Brasil, não tem precedente”, diz Ricardo Amaral. Ele aponta a frustração do campo direitista, que esperava prisão de Lula

 

São Paulo – O depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro na quarta-feira (10), em Curitiba, deixou evidente que, depois de três anos de investigação e denúncia, os responsáveis pela operação Lava Jato não foram capazes de reunir provas que de fato incriminem o ex-presidente. Além do depoimento em si, outro fato a ser destacado foi a manifestação popular em Curitiba. “Independentemente de quantas pessoas foram, é uma mobilização inédita no Brasil, não tem precedente”, diz o jornalista Ricardo Amaral, que foi à capital paranaense. “Tudo isso só fortaleceu Lula.”

 

O terceiro ponto importante, para ele, é que o campo político progressista que hoje reage contra o atual estado de coisas no país é cada vez mais amplo. “Não é só o PT que está reagindo ao que vem acontecendo, tanto no campo político quanto em relação à manipulação do Judiciário, do Ministério Público e o poder sem limites da mídia.”

Autor da biografia da ex-presidenta Dilma Rousseff intitulada A vida quer é coragem (Ed. Primeira Pessoa), Amaral  acredita que está ficando cada vez mais claro  para a sociedade que Lula é perseguido num processo absolutamente político, de acordo com a tese do lawfare, dos advogados do petista.

Um dos argumentos usados sistematicamente pelos advogados de Lula é que a Lava Jato é um caso de lawfare, “a utilização de meios judiciais frívolos, com aparência de legalidade para cooptação da opinião pública, com o inegável objetivo de neutralizar o inimigo”, segundo eles.

Mídia

Para Amaral, a imprensa está “desesperada”, o que estaria demonstrado pelas manchetes dos três grandes jornais do país nesta quinta-feira, todas tentando passar a mensagem de que Lula se esconde atrás da mulher, Marisa Letícia, ao atribuir a ela os atos referentes ao apartamento tríplex no Guarujá. “Se a imprensa fosse correta, perceberia que isso é uma ‘não notícia’. O que a assessoria de Lula divulgou e o que tem nos autos é exatamente isso. Foi Marisa quem fez a visita (ao apartamento)”, diz. “Lula não criou isso agora, está nos autos.”

Em sua avaliação, a imprensa tradicional ficou frustrada com a cobertura do depoimento e o seu resultado jornalístico. Como a audiência demorou quase cinco horas e o material é grande, não houve tempo, como em outras ocasiões, de fazer uma “edição maliciosa do depoimento, como sempre fazem, escolhendo os pontos que interessam à acusação”. “No Jornal Nacional, não conseguiram selecionar os pontos negativos a Lula, como sempre fazem, e não deu para editorializar o depoimento.”

Agora, fazem “um esforço desesperado para tentar recriar, corrigir, passar uma borracha no que fizeram ontem e criar uma nova narrativa, forçando interpretações”, avalia. “Mas isso só evidencia a parcialidade da mídia. A primeira impressão é a que fica. E a primeira impressão que a sociedade teve foi que o Lula se saiu muito bem.”

Isso aumentou a frustração de uma parte bem visível da sociedade brasileira, diz o jornalista. Os setores da extrema direita tinham a expectativa de que Lula sairia do depoimento preso. Já o juiz Moro, para Amaral, “foi muito cobrado pelas ilegalidades e arbitrariedades que cometeu e, ao contrário do que se imaginava, ele chegou a esse depoimento muito pressionado a atuar de maneira mais imparcial”. 

 

Escrito por: Eduardo Maretti (Rede Brasil Atual)

Foto: Reprodução

veja também

relacionadas

mais lidas

Pular para o conteúdo