A Ouvidoria Cidadã da EBC lança nesta quinta-feira (27) o Relatório 2021, junto com a bibliografia sobre os veículos da Empresa Brasil de Comunicação e sobre comunicação pública, além do site interativo da linha do tempo dos veículos da EBC. O evento será online, no Fórum Social das Resistências, em conjunto com o Fórum Social Mundial Justiça e Democracia 2022. O projeto da sociedade civil, por meio da Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública, materializa a participação social extirpada da empresa, consolidando assim um espaço para o debate acerca da comunicação pública no país. A iniciativa surgiu com o lançamento do primeiro relatório, em dezembro de 2020, e tem como objetivo analisar conteúdos publicados e veiculados pela EBC, de acordo com os princípios da comunicação pública, que deveriam orientar a produção da TV Brasil, rádios Nacional e MEC, Agência Brasil e Radioagência Nacional, bem como os perfis desses veículos nas redes sociais.
O site foi lançado no começo de 2021 e ao longo do ano publicou 33 análises de conteúdos, quatro artigos assinados e quatro notas públicas, além de notícias e notas de apoio publicadas por outras entidades. O relatório traz análises de entrevistas e pronunciamentos do presidente Jair Bolsonaro, colocados no ar sem nenhum contraponto, apesar das inúmeras imprecisões ditas por ele; a cobertura pífia de manifestações contra o governo; a cobertura sobre a pandemia da Covid-19, que serviu de espaço para discursos negacionistas, colocando em risco a saúde da população e propagando notícias falsas; o desrespeito à diversidade religiosa com a exibição da novela Os dez Mandamentos, produção já reprisada de uma emissora privada; o retorno do Sem Censura reformulado para entrevistar ministros e personalidades pró-governo; e o uso do jornalismo para cobrir pautas e temas que não têm relevância do ponto de vista da comunicação pública.
Mas o ano teve boas produções na EBC também, o que não passou despercebido pela Ouvidoria Cidadã. São exemplos de bons conteúdos o especial sobre o centenário da dramaturga Maria Clara Machado; o destaque do trabalho do Acervo da EBC; a cobertura de dois anos da tragédia de Brumadinho; o Caminhos da Reportagem sobre comunicação pública; e a entrada das rádios Nacional AM na faixa estendida da FM em cidades onde a EBC não tinha emissora própria.
Apesar de todos os problemas enfrentados pela comunicação pública na EBC, com a censura e o governismo recorrentes e a inclusão da empresa no Programa Nacional de Desestatização, o ano de 2021 foi muito produtivo para quem resiste ao desmonte, com lutas em diversos campos. Integrantes da Frente articularam com outras entidades e conseguiram apoio contra a privatização da empresa e pelo respeito à lei de criação da EBC na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, inclusive com a articulação de audiências públicas sobre o tema no Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) e na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), além de notas de apoio internacionais.
Levantamentos feitos pela Frente sobre o uso indevido dos veículos da EBC foram levados à CPI da Pandemia e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Ouvidoria Cidadã da EBC também denunciou a censura que a Ouvidoria da EBC passou a sofrer da própria direção e do Conselho de Administração da empresa em 2021.
Tiveram bastante repercussão em veículos de comunicação o levantamento sobre as interrupções na grade da TV Brasil para a veiculação ao vivo de eventos com o presidente Bolsonaro e a denúncia do uso de “inteligência artificial” para traduzir textos da Agência Brasil para o espanhol e para o inglês durante a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa, que atingiu 100% da equipe de língua estrangeira.
O relatório traz uma amostragem do que foi publicado pela Ouvidoria Cidadã da EBC ao longo de 2021. Os textos completos e outras análises estão disponíveis na página https://ouvidoriacidadaebc.org/. Serão publicados também resumos em inglês e em espanhol do relatório.
Lançamentos
Junto com este segundo relatório, serão lançados também a biblioteca da comunicação pública (https://ouvidoriacidadaebc.org/category/biblio/) e o Mapa Interativo Histórico da EBC (https://ouvidoriacidadaebc.org/mapa-interativo-historico-da-ebc/). A biblioteca disponibiliza referências de leitura sobre comunicação pública, a EBC e seus veículos, com links para download dos trabalhos sempre que possível. Já o Mapa é fruto da pesquisa de mestrado na UFRJ da conselheira cassada da EBC Akemi Nitahara, e traz a linha do tempo com os marcos históricos e legais dos veículos da empresa. Ambos podem ser acessados na página da Ouvidoria Cidadã da EBC.
Não custa relembrar: A EBC não é do governo! A EBC é da sociedade brasileira e vamos lutar para que ela continue assim.
SERVIÇO:
Lançamento do Relatório 2021 da Ouvidoria Cidadã da EBC, Bibliografia sobre a EBC e Mapa Interativo Histórico da EBC
Dia 27/01/22
Horário: 16h
Transmissão: Facebook do FNDC: https://www.facebook.com/fndc.br/
E-mail: ouvidoriacidadaebc@gmail.com
Mesa de debate com:
Tereza Cruvinel – jornalista, primeira presidenta da EBC
Desilon Daniels – Public Media Alliance
Rita Freire – ex-presidenta do Conselho Curador da EBC
Akemi Nitahara – Comissão de Empregados da EBC
Joseti Marques – ex-ouvidora da EBC e presidenta da OID
Mariana Martins – LapCom
Seguida por Sessão de Convergência com entidades apoiadoras
Participantes confirmados:
Pedro Rafael Villela – FNDC
Orlando Guilhon – Portal das Favelas
Juliana César Nunes – Sindicato dos Jornalistas DF
Carol Barreto – Sindicato dos Jornalistas RJ
Lincoln Macário – ABC Pública
Entidades promotoras da Convergência:
Frente em Defesa da EBC e da Comunicação Pública; Comissão de Empregados da EBC; Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada; Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC); Abong; Instituto Paulo Freire; Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC); ABC Pública; Sindjor-RS; Brasil de Fato RS; CUT; Sindjor-DF; IDhES; Ceaal; UBM; Camp; Contag; Enfoc; Cdhep; Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj); Sindjor-RJ; Barão de Itararé; Abraço Brasil; Cpers; CTNE; Sinrad-RJ; Portal das Favelas; Sinrad-SP; Sindjor-SP, Sinrad-DF, OID
O SJSP precisa de você!
Para que o Sindicato dos Jornalistas de SP continue a desenvolver o seu trabalho em defesa dos interesses da categoria, é fundamental a participação de tod@s na construção e no fortalecimento da entidade. Sindicalize-se! A mensalidade é de 1% do salário (com teto de R$ 60 na capital e de R$ 38 no interior) ou de R$ 60 e R$ 38 fixos (capital e interior) para quem não tem vínculo empregatício. O processo de sindicalização é online. Veja aqui.