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Oposição tenta ganhar tempo para conseguir votos pelo afastamento de Temer

Oposição tenta ganhar tempo para conseguir votos pelo afastamento de Temer


Em tempos de ofensiva fisiológica do governo para obter 172 votos pró-Temer, oposição aposta que aumento do desgaste do presidente pode mover “indecisos” e trazer os 342 votos necessários para afastá-lo

Brasília – A dois dias da votação na Câmara dos Deputados sobre o acolhimento ou não da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, o Congresso está esvaziado. A maioria dos parlamentares preferiu chegar à cidade da noite de segunda (31) ou nesta terça-feira (1ª), quando começa, de fato, o trabalho legislativo deste semestre. Já estão agendadas várias reuniões de bancadas.

Entre os oposicionistas, discute-se a tentativa de não garantir quórum para a sessão de quarta (2), de forma a atrasar a votação por mais algumas semanas. Se houver votação agora, é grande a chance de Temer vencer, porque são necessários difíceis 342 votos favoráveis ao acolhimento de denúncia, enquanto 172 bastam para rejeitar a denúncia.

O acordo que está sendo firmado entre várias legendas da oposição é para que grupos de até 15 deputados compareçam ao plenário para registrar presença com o objetivo de garantir espaço para discursos, mas desde que se retirem logo depois.

Por parte do governo, embora integrantes da base aliada deem declarações otimistas sobre os votos a favor do presidente, o dia está sendo de “boca de urna”. Pelas contas dos dois lados, existem aproximadamente 40 nomes ainda indecisos. Informações divulgadas hoje por parlamentares da base aliada são de que o Palácio do Planalto está trabalhando, desde sábado, por votos do PSB. Assessores do governo, calculam em 14 os parlamentares da legenda que ou não se decidiram ou dão a entender que podem rever posicionamento. Por isso, estão sendo chamados para conversas em vários ambientes.

A líder do PSB na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS), evita falar a respeito, mas tem declarado desde maio voto pró-Temer. Integrante da mesma sigla, o deputado Júlio Delgado (MG), é completamente contrário. “Não podemos deixar de votar para que Michel Temer não seja investigado. Devemos isso ao Brasil”, disse. Na semana passada, Delgado acusou a colega do Mato Grosso do Sul de abusar da condição de líder e de conspirar contra a própria bancada.

O parlamentar imagina que, até o último momento, muitos colegas ainda vão pensar muito antes de dar seu voto diante de todo o país. “Essas pessoas sabem que terão de prestar contas à população depois e está mais do que claro que os brasileiros rejeitam esse presidente”, ressaltou.

O deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE) conclamou colegas da oposição a não comparecer à votação. “Será a melhor forma de darmos uma resposta ao país, não marcando presença no plenário. O país precisa investigar Michel Temer”, afirmou.

A avaliação dos oposicionistas é que a adesão a Temer despencará à medida que a crise agravar a sua desaprovação. Além disso, é esperada nova denúncia contra a ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

A base do governo repetiu as afirmações feitas nos últimos dias em público, mas em privado, não para de telefonar para os deputados próximos e de tentar mudar o voto dos colegas. Darcísio Perondi (PMDB-RS) foi o primeiro a falar a respeito. “Continuamos com as negociações sim, mas acredito que não há mais como não conseguirmos 172 votos para derrubar esse pedido (de denúncia contra o presidente)”, disse.

Outra especulação feita durante o final de semana foi de que houve aumento dos pedidos feitos pelos parlamentares integrantes dos grupos de ruralistas, evangélicos e armamentistas – a chamada bancada BBB (boi, bíblia e bala).

Para o líder da oposição, deputado José Guimarães (PT-CE), a principal estratégia adotada pela oposição é a sua unidade. “Esse governo acabou e só tem uma forma de ele sair, que é votando a autorização da denúncia para o Supremo Tribunal Federal afastá-lo, porque não reúne mais condições de continuar governando o Brasil. É um governo que não tem e não merece credibilidade. Não receberá nenhum gesto de apoio dos oposicionistas”, afirmou.

Maia pede votação

Mesmo diante dessa dúvida sobre se haverá ou não quórum suficiente na quarta-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro nome para sucessão de Temer, caso ele venha a ser afastado, afirmou que está firme no sentido de trabalhar para que a votação aconteça no prazo previsto. “Nosso papel é votar e considero muito grave se a Câmara não tomar uma decisão, que seja para aprovar ou não a denúncia. É uma decisão de cada deputado que precisa ser tomada”, disse.

Rodrigo Maia também lembrou que a pauta da semana está repleta de outras matérias. No momento, três medidas provisórias trancam a pauta de votações: uma que aumenta de R$ 15 mil para R$ 500 mil o valor máximo de multa a ser aplicada a frigoríficos que infringirem a legislação sanitária: outra que altera a Lei 7.889/89, referente a inspeção sanitária e industrial de produtos de origem animal; e outra que autoriza estados, Distrito Federal e municípios a usar dinheiro da regularização de ativos no exterior para cumprir o limite constitucional de gastos com educação.

A sessão para votação da denúncia da PGR contra o presidente Michel Temer está programada para começar às 9h desta quarta. O relatório que foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara é um substitutivo que dá parecer favorável a Temer. O texto será lido na tarde de amanhã, no plenário, em preparação para a votação.

Escrito por: Hylda Cavalcanti – Rede Brasil Atual
Foto: Beto Barata/PR

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