Por mais uma vez, nossa categoria provou seu papel essencial na defesa da democracia e da livre circulação de informações, trabalhando incansavelmente na cobertura de uma das eleições mais importantes da história do Brasil. Nas redações e nas ruas, cumprimos nosso papel jornalístico sob ameaças, ataques e agressões virtuais e físicas. Resistimos com dignidade a tudo isso.
Mas qual é o reconhecimento das empresas a esse trabalho? Demissões em massa, ameaça permanente de “cortes orçamentários”, precarização da nossa profissão e o aumento da pressão e cobrança para aqueles jornalistas que permanecem com o seu emprego.
Na última semana, a CNN Brasil e a Folha de S.Paulo promoveram demissões de dezenas de profissionais. No caso da emissora, os jornalistas que se preparam para iniciar sua jornada de trabalho foram surpreendidos com a dispensa em massa. Algumas das pessoas foram constrangidas ao serem “escoltadas” pelos seguranças da empresa, para que não se despedissem dos colegas. Desde então, os profissionais demitidos verificaram junto ao Sindicato uma série de problemas no processo demisisonal, sem uma resposta satisfatória da CNN Brasil — a emissora se recusa a disponibilizar um funcionário para checar informações das verbas rescisórias junto à entidade sindical.
A Folha de S.Paulo também promoveu na última semana uma série de demissões de profissionais que trabalhavam há décadas no jornal, como o jornalista Janio de Freitas, que tem 90 anos de idade e é considerado um dos mais brilhantes profissionais em atividade no país.
Além de Janio, a empresa demitiu profissionais que demonstravam uma postura combativa, participando ativamente das campanhas salariais organizadas pelo Sindicato e também se posicionando contra os erros cometidos pelo jornal, como a publicação no início deste ano de uma coluna que abordava o suposto “racismo de negros contra brancos”.
As demissões atingem até mesmo as escolas de comunicação: no último final de semana, a Faculdade Cásper Líbero, primeira faculdade de jornalismo do Brasil, promoveu o corte de professores e fechou o curso de Mestrado da instituição. A lógica mercantilista da educação provoca grande preocupação entre os estudantes, que receiam pela perda da qualidade do ensino para os futuros profissionais.
Diante de tudo isso, não nos resta dúvidas: devemos estar mais organizados e unidos do que nunca em 2023 e lutar coletivamente para garantir empregos dignos, salários decentes e direitos. O Sindicato dos Jornalistas permanece à disposição de todas e todos os profissionais e batalhará de maneira intransigente para que os patrões pensem duas vezes antes de considerar que nós, jornalistas, somos material humano descartável e substituível.
Para reforçar este papel, inclusive convida a todos e todas que se associem à entidade agora mesmo. Nossa categoria é essencial para a democracia e para nosso país. E também aprendeu que é na luta que daremos um basta aos desmandos das empresas.