Não foi fácil. A campanha eleitoral de 2014 – com a disputa de dois projetos distintos para o Brasil – escancarou o partidarismo dos donos das empresas de comunicação, que acabaram por assumir o papel de oposição política diante da inércia dos partidos de oposição.
No segundo turno das eleições presidenciais, o futuro do Brasil e do povo brasileiro foi disputado por projetos políticos totalmente diferentes, representados pelas candidaturas de Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
De um lado, o atraso das políticas neoliberais caracterizadas pelo estado mínimo e pela privatização do patrimônio público, retrocesso que beneficiaria somente a elite econômica e financeira.
Do outro lado, o projeto democrático e popular desenvolvido nos últimos doze anos, pautado em mudanças para a construção de um país com justiça social, distribuição de renda, redução das desigualdades e políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável, rumo à consolidação da democracia brasileira.
Em uma campanha tensa e agressiva, em que pregou o ódio e investiu na manipulação de informação, a intensidade da partidarização das empresas de comunicação ultrapassou todos os limites e atingiu mortalmente o jornalismo. As capas de Veja e IstoÉ às vésperas da votação foram apenas o tiro de misericórdia contra todas as teorias da ética e do bom jornalismo.
Fechadas as urnas, o apoio popular e sindical garantiu a reeleição de Dilma para um inédito quarto mandato do PT e aliados.
Não está sendo fácil. Inconformados com a derrota, a oposição não dá tréguas e quer colocar na pauta um terceiro turno ilegítimo e antidemocrático, forjado em mais calúnia, difamação e mentira, novamente com a participação decisiva dos donos da mídia, eternos aliados da oposição de direita, dos banqueiros, dos latifundiários e da elite brasileira. Um autoritarismo que sugere até golpe ou violência e ruptura.
Diante desse cenário, parece que 2015 também não será um ano fácil. E os desafios vão exigir um papel fundamental dos jornalistas e do Sindicato.
O primeiro é defender e lutar pelo resgate do bom jornalismo, livre e democrático, o que exige também unidade e mobilização por salários dignos e por melhores condições de trabalho, além do combate à precarização, à violência e ao assédio moral. É a luta no dia a dia das redações e na Campanha Salarial.
Os empresários de Comunicação foram brindados com a Lei 12.844/13, que lhes permite a desoneração da folha de pagamento. Em vez de recolher ao INSS 20% sobre o salário de cada empregado, as empresas passam a contribuir mensalmente apenas com 1% sobre a receita bruta.
Como se não bastasse esse presente de fim de ano, a mídia também lucra com os anúncios publicitários governamentais.
Apesar desses generosos benefícios, as empresas de comunicação continuam sem apresentar qualquer contrapartida social e ameaçam os jornalistas com demissões e arrocho salarial.
O desafio dos jornalistas, além da luta por conquistas salariais, é exigir do governo reeleito a urgente e necessária democratização da comunicação, a partir da discussão de um marco regulatório que começa por fazer cumprir a Constituição Federal, que proíbe monopólio ou oligopólio. Junto com a reforma política já anunciada é urgente resgatar os compromissos assumidos há cinco anos, durante a 1ª Confecom. Única saída para que a comunicação e o jornalismo reassumam sua dimensão transformadora.